Os países latino-americanos com as políticas mais sólidas foram capazes de evitar uma redução de até 4% do Produto Interno Bruto (PIB) durante a crise, em comparação com o que teriam perdido se estivessem menos preparados, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).Mas a crise deixará sequelas e as correções darão algum trabalho na próxima fase. Os governos latino-americanos terão de ajustar suas políticas fiscais, no médio prazo, para enfrentar juros mais altos na dívida pública, expansão econômica menor que antes da crise e, portanto, menor arrecadação, disse ontem o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Nicolás Eyzaguirre. No curto prazo, o objetivo, como na maior parte do mundo, ainda é consolidar a retomada. Mas alguns países da região, incluído o Brasil, estão indo bem e logo voltarão a crescer com mais vigor, segundo a sua análise.Para os países com melhor desempenho, o próximo grande tema será a estratégia de saída: será preciso definir o momento inicial e a sequência da eliminação dos estímulos. Além disso, investidores financeiros deverão desviar-se do mundo rico, onde o retorno será menor, e mandar seus capitais aos mercados emergentes. Não será preciso, portanto, elevar juros para atrair recursos externos. Se essa avaliação se confirmar, os governos deverão retirar os estímulos fiscais antes dos monetários, segundo Eyzaguirre. Esse comentário é mais um argumento contra a ideia de elevação dos juros no curto prazo.Há motivos para ser "cautelosamente otimista", disse o funcionário do FMI. Os choques externos perdem intensidade e, além disso, há sinais de renovado crescimento em vários países da região. "A América Latina, de modo geral, parece ter voltado a crescer no terceiro trimestre deste ano e esperamos uma expansão pouco maior em 2010, em linha com a economia global."O impacto da recessão foi severo, mas a América Latina e o Caribe estavam mais preparados que noutras ocasiões para enfrentar as dificuldades, segundo a análise do FMI.