Com grade curricular mínima de quatro semestres, seminários de artes cênicas, oficinas de psicologia, lições de higiene hospitalar e até estágio obrigatório, o curso de formação de "enfermeiros-palhaços" da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio) entra em seu 11.º ano com expectativa de ter, mais uma vez, vagas esgotadas.As aulas fazem parte do programa da Escola de Teatro da instituição e prepara atores para trabalharem no atendimento a crianças em hospitais. A atividade ganhou relevância nos últimos anos, passou a ser bem recebida pela área médica e gerou uma demanda por trabalhadores cada vez mais qualificados. Na UniRio, a disputa por vagas é tão grande que os alunos passam por uma seleção antes de serem aceitos para as dez novas vagas abertas a cada ano. O curso tem dois anos de aulas teóricas e práticas, mas muitos atores passam até sete anos em formação. Nos dez anos de curso, apenas 27 alunos se formaram na UniRio."Não é um trabalho simples, pois envolve uma relação com crianças que estão fragilizadas por uma doença - o que exige uma preparação", afirma a professora Ana Achcar, coordenadora do programa e autora de uma tese de doutorado sobre o tema. Durante o curso, os alunos aprendem a aliar arte, psicologia e saúde com o objetivo de dar atenção e proporcionar bem-estar a crianças que, em muitos casos, enfrentam doenças terminais."Aprendemos a trabalhar técnicas específicas ao ambiente do hospital. Se a criança precisa de uma cirurgia, brincamos que o coração está murcho. Fazemos tudo para a criança se encaixar, mesmo sem perceber", diz o recém-formado Tiago Quites, que vira Custódio quando coloca o nariz vermelho e caminha por alas pediátricas no Rio.