O Papa Bento XVI se desculpou pela primeira vez no sábado pelo abuso sexual de menores de idade cometido por padres católicos, mas entidades de defesa das vítimas na Austrália disseram querer ações e não palavras. O papa, em seus comentários mais explícitos sobre os escândalos de abuso sexual que abalam a Igreja em vários países, também disse claramente que os responsáveis deveriam responder por seus atos. O papa Bento XVI adicionou na última hora à homilia preparada na Catedral de Santa Maria uma sentença forte e pessoal, usando o pronome "eu" três vezes, com o que o Vaticano espera satisfazer os grupos de defesa das vítimas. "De fato, eu sinto profundamente pela dor e sofrimento que as vítimas passaram e eu as asseguro de que, como seu pastor, eu também divido seu sofrimento", disse o papa. Reconhecendo a "vergonha que nós todos sentimos", ele chamou o abuso sexual de crianças um "mal" e adicionou que "aqueles responsáveis por esse mal devem ser levados à Justiça." Mas, minutos após sua fala, grupos de defesa afirmaram que o pedido de desculpas não era suficiente e um protesto contra o pontífice foi realizado durante a celebração do Dia Mundial da Juventude em Sydney, quando cerca de 250 mil jovens peregrinos marchavam para uma pista de corrida no subúrbio para uma noite de vigília e orações com o papa. "Sentir muito não é o suficiente. As vítimas querem ações, não apenas palavras", disse a entidade Broken Rites, que pressiona para a criação de um sistema de investigação de queixas de abuso. Eles afirmam que a Igreja na Austrália continua tentando encobrir os crimes. "Um pedido de desculpas remoto não chega perto do peso de um pedido de desculpas direto e pessoal", disse Anthony Foster, pai de duas meninas estupradas por um padre de Melbourne. "Isso é apenas um pedido de desculpas, são apenas palavras, não compromete todos os recursos da igreja com o problema... ele precisa se encontrar com as vítimas e as entidades para entender o que é preciso", disse Foster. Cerca de 1.000 manifestantes protestaram contra os ensinamentos da igreja sobre moralidade sexual. Alguns gritavam: "O papa está errado, use camisinha", e jogavam preservativos enquanto os peregrinos passavam pela famosa ponte do porto de Sydney em direção ao local da vigília. O papa de 81 anos, que aparentava estar bem apesar da longa viagem, deverá ir para Roma na segunda-feira.