O papa Bento XVI fez um apelo nesta quarta-feira, 19, pelo fim da violência no Tibete, pedindo tolerância e diálogo para solucionar a crise. A declaração foi feita no mesmo dia em que a China afirmou que está empenhado em uma luta de vida ou morte na província ocupada há quase 50 anos e que mais de 100 manifestantes teriam se rendido e confessado o envolvimento na onda de protestos dos últimos dias. O governo tibetano no exílio nega, justificando que as supostas rendições são prisões arbitrárias. Veja também: China diz que enfrenta 'luta de vida ou morte' no Tibete Ativista é julgado por ''subversão'' e ''insurreição'' Protestos pelo 'Tibete livre' se espalham na China Dalai-lama pode renunciar se violência se agravar no Tibete Conselho da ONU deve manter silêncio sobre crise no Tibete Entenda os protestos no Tibete Esta foi a primeira menção do papa ao conflito desde que a violência começou. O pronunciamento veio depois que intelectuais italianos pediram para que ele quebrasse o silêncio sobre o assunto. "A violência não resolve os problemas, somente os agrava", disse ele ao final de sua audiência geral semanal, acrescentando que tem acompanhado a situação no Tibete "com temor". "Nós pedimos ao Deus, fonte de luz, que ilumine as mentes de todos e dê a cada um coragem para escolher o caminho do diálogo e da tolerância", disse o pontífice. O Vaticano não tem relações diplomáticas com a China. A relação já foi conturbada porque o governo chinês quer os católicos façam parte de uma igreja coordenada pelo Estado, em vez de uma igreja que se submete à autoridade do papa. O governo tibetano no exílio diz que 99 pessoas morreram quando as forças de segurança chinesas repreenderam as revoltas da semana passada. O governo de Pequim contabiliza apenas 16 mortes. Repressão aos protestos A China aumentou nesta quarta a censura sobre a imprensa estrangeira e os impedimentos para cobrir os protestos, endureceu sua mensagem e advertiu que está imerso em uma "batalha de vida ou morte" contra o separatismo no Tibete. Embora Pequim afirme que Lhasa recupera a normalidade e a imprensa oficial mostre fotos de pessoas fazendo compras, grupos de direitos humanos e tibetanos no exílio dizem que a situação continua muito tensa, com a polícia patrulhando as ruas da cidade. Mais de cem pessoas entregaram-se à polícia chinesa em Lhasa e outras cidades tibetanas depois dos violentos protestos dos últimos dias na região, informou a mídia estatal da China nesta quarta-feira. O governo chinês havia imposto um ultimato até a meia-noite de terça-feira para que participantes dos violentos protestos se entregassem às forças de segurança. O governo tibetano no exílio desmentiu a informação de que eles tenham se entregado voluntariamente às autoridades chinesas em Lhasa e denunciou que foram presos "arbitrariamente casa por casa". "O governo chinês quer enviar a mensagem ao mundo de que os tibetanos estão se rendendo voluntariamente", declarou um porta-voz da Administração Central Tibetana, com sede na cidade indiana de Dharamsala, Sonam N. Dagpoo. O porta-voz afirmou que a polícia está realizando prisões "arbitrárias casa a casa" e detém monges budistas, tanto homens como mulheres. A atual onda de protestos no Tibete começou no último dia 10, como uma reação à notícia de que monges budistas teriam sido presos depois de realizar uma passeata para marcar os 49 anos de um levante tibetano contra o domínio chinês. Os protestos já são considerados os maiores e mais violentos dos últimos 20 anos e se espalharam para províncias próximas da região do Himalaia, como Gansu, Qinghai e Sichuan.
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