Papel do Brasil na América do Sul abre debates da BBC Brasil

Evento é parte das comemorações dos 70 anos do serviço brasileiro da BBC.

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Por Da BBC Brasil
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A relação do Brasil com os outros países da América do Sul foi o tema nesta quarta-feira do primeiro de quatro debates realizados pela BBC Brasil no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo. Durante o evento, correspondentes de publicações internacionais e especialistas em política externa discutiram o impacto da diplomacia brasileira na região e os obstáculos que os países enfrentam na busca por uma maior integração regional. "O processo de integração regional está enfrentando dificuldades", afirmou Carlos Pagni, colunista do La Nación. "Houve coisas traumáticas, momentos de incerteza, mas acredito que o Brasil pode sonhar com uma liderança efetiva na região." Pagni frisou que o Brasil é reconhecido pela Europa e pelos Estados Unidos como o interlocutor da região e elogiou a diplomacia brasileira. Outro debatedor, o correspondente do Financial Times no Brasil, Jonathan Wheatley, disse que o Brasil "naturalmente tem um peso na América do Sul, mas preferiu nunca se impor". "A diplomacia brasileira seguiu a linha de fazer as coisas com calma, amigavelmente, sem 'mandar' nos outros países", disse Wheatley, que vive no Brasil há 15 anos escrevendo para órgãos de imprensa estrangeiros. O jornalista citou como exemplo a postura brasileira na recente crise diplomática entre Colômbia e Equador que também teve o envolvimento da Venezuela. Crise andina Ricardo Seitenfus, especialista em relações internacionais, disse durante o debate que a resolução da crise andina foi importante por "demonstrar que a região pode resolver seus próprios conflitos". Seitenfus acrescentou que o Brasil deve aproveitar que o nome do presidente Lula é quase uma unanimidade no exterior e que o país "está na moda" para não só desempenhar um papel mais importante no cenário mundial como para tentar resolver questões internas que afligem o país. Correspondente da BBC Mundo em Caracas, o jornalista Carlos Chirinos comentou a maneira como o Brasil é visto nas ruas de Caracas, Quito e Bogotá, lugares onde trabalha. "O Brasil é, em primeiro lugar, futebol, Pelé, novelas", disse Chirinos. "Mais recentemente, empresas e produtos brasileiros ganharam importância nos países do norte da América do Sul." "Mas, hoje, também se fala muito em Lula", acrescentou. "Um pouco pela simpatia dele, mas também porque ele aproximou o país dos outros países da região." O jornalista afirmou, no entanto, que o Brasil ainda é um "gigante desconhecido" para os vizinhos, que sabem muito pouco sobre o que realmente acontece no país, sua composição social e seus principais problemas. Série de reportagens O debate desta quarta-feira foi mediado pelo editor-executivo da BBC para Américas e Europa, Américo Martins. O evento é parte das comemorações dos 70 anos de existência do serviço brasileiro da BBC. O BBC Debate será realizado até quinta-feira, com mais três painéis discutindo a objetividade na imprensa, a liberdade de expressão e o futuro do jornalismo. A América do Sul, além de protagonizar o debate inicial, é também o tema da série de reportagens especiais em texto, áudio e vídeo "O Gigante Vizinho: O Brasil e a América do Sul", lançada nesta semana pela BBC Brasil. "Enviamos repórteres a todos os 11 países da América do Sul, entrevistando economistas, autoridades e pessoas comuns, para descobrir como nossos vizinhos vêem a participação do Brasil na região", disse o diretor da BBC Brasil, Rogério Simões, na abertura do evento. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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