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Paris acaba com limite de altura para prédios

Câmara reverte lei de 1977 que proibia construções com mais de 37 metros.

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Por Daniela Fernandes

A Câmara Municipal de Paris aprovou uma lei que acabou com o limite de altura de novos prédios na capital francesa, em uma decisão polêmica que pode alterar o panorama da cidade. Dede 1977, era proibido construir prédios com mais de 37 metros de altura - o equivalente a 12 andares - em Paris. Com a decisão, o prefeito da cidade, o socialista Bertrand Delanoë, obteve sinal verde para dar início ao seu projeto de construir arranha-céus em algumas áreas da cidade. Em 2007, Delanoë lançou a idéia de construir prédios com dezenas de andares em áreas periféricas de Paris. A pedido do prefeito, onze escritórios internacionais de arquitetura elaboraram projetos de prédios com vários andares - alguns com mais de cem metros de altura. Seis locais da cidade foram escolhidos para a construção de prédios com até 50 metros de altura - destinados à criação de conjuntos habitacionais - e de outros com alturas que podem chegar a até 150 ou 200 metros - para abrigar escritórios, lojas e repartições públicas. Moradia Segundo Delanoë, os prédios com até 50 metros de altura permitem aumentar entre 20% e 30% a oferta de moradias populares na cidade. "O desafio é ganhar novos espaços, inicialmente para a habitação, e para isso não podemos nos proibir de olhar para o alto", disse o prefeito. Ele reconhece que a reticência dos parisienses à construção de prédios elevados na cidade é grande. "Não vamos repetir os erros do passado", prometeu o prefeito. Segundo ele, os prédios vão aliar a estética a exigências ambientais. Delanoë defende que as áreas escolhidas estão praticamente abandonadas e que os novos prédios valorizariam esses bairros, permitindo seu desenvolvimento econômico. Contra Uma consulta popular realizada há três anos revelou que 60% dos parisienses se opõem ao fim do limite à construção de prédios com mais de 37 metros de altura na cidade. Muitos parisienses torcem o nariz para a Torre de Montparnasse, o prédio mais alto da cidade, com 210 metros de altura, construída no início da década de 70, antes da proibição de prédios com mais de 37 metros de altura. A oposição mais ruidosa ao projeto de Delanoë veio do Partido Verde, que saiu enfraquecido nas últimas eleições municipais, em março passado - e não teve grande peso na votação na Câmara Municipal, quer aprovou a nova lei. O partido UMP, do presidente Nicolas Sarkozy, se opôs à utilização de prédios com 50 metros de altura para conjuntos habitacionais e defendeu que eles sejam destinados apenas a atividades comerciais. Os vereadores do partido de Sarkozy disseram temer que se reproduzam, em Paris, os mesmos problemas sociais que existem em periferias pobres da cidade, repletos de prédios altos com apartamentos destinados à habitação. O presidente francês, por sua vez, não se opõe à construção de prédios elevados na capital. Sarkozy, que já havia declarado que é preciso "sair desse debate absurdo sobre a altura dos prédios em Paris", lançou em junho passado uma consulta internacional envolvendo dez escritórios internacionais de arquitetura para projetar a capital francesa do século 21, com o objetivo de criar uma "metrópole sustentável", que leve em conta a luta contra o aquecimento global. Referendo A prefeitura de Paris rejeita a idéia de realizar um referendo popular em toda a capital sobre a questão, como solicitou o Partido Verde. Mas prometeu realizar, a partir do início de 2009, reuniões com especialistas nos bairros envolvidos, nas quais moradores dessas áreas poderão expressar suas opiniões. A assessoria de imprensa da prefeitura de Paris informou à BBC Brasil que "a opinião dos moradores dessas áreas será levada em conta para a realização dos projetos", mas não precisou se uma eventual oposição poderia impedir sua realização. Segundo a prefeitura, as primeiras construções poderiam começar em 2010 e serem finalizadas em 2012. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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