À paisana, a esquadrilha da fumaça já foi às ruas e só observa a reação de clientes, garçons e empresários ao ouvir a sentença de que, a partir de 6 de agosto, se o cigarro não for apagado em local fechado, haverá multa e até suspensão de funcionamento de 30 dias para bar, restaurante ou casa noturna que infringir a lei. Uma parte dos homens escalados para a fiscalização da lei antifumo já começou o trabalho de campo há algumas semanas para que hoje, durante o primeiro treinamento da equipe, pudesse dividir a experiência com outros 420 fiscais das futuras blitze. "As reações que encontramos foram as mais variadas possíveis", afirma Maria Cristina Megid, coordenadora do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (CVS), um dos órgãos que participarão das ações. "Percebemos que existem pessoas que insistem que a lei não vai pegar, funcionários dos bares e restaurantes dizendo que estão aliviados, clientes que esbravejam e outros que agradecem muito." Apesar das respostas diversas da população, um dos pontos que serão mais ressaltados no curso de hoje é que os agentes, em nenhuma hipótese, podem abordar o fumante. havendo sinal de irregularidade - desde cinzeiros na mesa até falta de sinalização nas paredes avisando que fumo e fumódromo estão banidos -, quem deve ser acionado é o funcionário responsável pelo estabelecimento. A fumaça ilegal renderá multa entre R$ 720 e R$ 3 mil. Em caso de tripla reincidência, o local tem as portas fechadas por 48 horas. No quarto flagrante, a suspensão é de 30 dias. As sanções começam a ser aplicadas em agosto. Até julho, a esquadrilha só dará "puxão de orelha". SELEÇÃO APERTADA As aulas hoje serão oferecidas no Instituto do Câncer de São Paulo, na zona oeste da capital. Para chegar ao posto de fiscal da fumaça, a "peneira" foi apertada. Segundo o CVS, fizeram cadastro 3 mil interessados nas 420 vagas, o que dá uma média de 7 candidatos por cargo (mais disputado do que os cursos de Letras e Ciências Sociais da USP). O critério de seleção foi quem já era funcionário público e trabalhava na função sanitária e fiscalizatória. A notícia de que a tropa antifumo está se preparando fez os bares se mexerem. Algumas casas da Vila Madalena, por exemplo, já colocaram cartazes e recortes de jornal nas paredes para orientar, com jeitinho e sem assustar os clientes, que vetarão o fumo. "Nossos sócios estão assustados em perder movimento, mas vamos apoiar a lei", afirma Márcio Natividade, diretor da Associação Cultural da Vila. Além da adequação, também há uma mobilização jurídica. No total, já foram movidas seis ações contra a legislação, todas com o argumento de que a medida é ilegal. Duas já foram negadas e as outras estão em análise.
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