O rei do baião, Luiz Gonzaga, foi festejado na Sapucaí, em mais espetáculo preparado pelo carnavalesco Paulo Barros, da Unidos da Tijuca, para o público do sambódromo. A escola, campeã em 2010 com o enredo "É Segredo", decidiu coroar o popular rei do baião com uma viagem pelo Nordeste do autor de "Asa Branca", nascido no sertão pernambucano e que completaria 100 anos em 2012. Acostumado a escolher os temas de seus enredos, normalmente abstratos, o carnavalesco desta vez teve que criar o desfile sobre um tema determinado pela escola, mas encontrou ideias criativas para retratar o mundo de "Gonzagão". "As coisas fluem. A partir do momento que o enredo chegou as imagens começam a surgir. É logico que quando eu tenho uma ideia própria isso vem com mais rapidez, talvez tenha demorado um pouco mais", disse. A primeira homenagem, já na comissão de frente, foi para o instrumento que o acompanhava e ganhou vida, ao abrir-se e transformar-se em uma espécie de tubo, feito com um pano de onde os integrantes entravam e saíam. O carnavalesco, famoso por inovar e criar "efeitos especiais" na avenida, disse que o fato de os integrantes saírem de dentro da sanfona significa "a alma do instrumento e também uma forma de representar o movimento que a própria sanfona faz". O artista que fez a performance sobre o palco é um romeno, cuja apresentação Barros viu há dois anos em Orlando. "A gente preparou um trabalho baseado em coisas inéditas dentro da Sapucaí, que não tem nada a ver dessa vez com ilusionismo. É simplesmente a técnica de utilização de objetos", afirmou. Convidados ilustres desembarcaram num aeroporto no carro abra-alas para a cerimônia de coroação do cantor e compositor. Desciam da alegoria e passeavam pela avenida, cumprimentando o público. Entre eles, o rei do futebol, Pelé, a rainha da Inglaterra, o rei do pop Michael Jackson, Elvis Presley e outros nobres. Em outro carro, mais distante, Barros colocou os mesmos reis montados em jegues. O cangaceiro Lampião, temido no sertão nortestino, veio ao lado de Maria Bonita como mestre-sala e ela, porta-bandeira. A mesma inovação da abertura foi vista nos carros alegóricos. Um deles, chamado "Do barro se fez a vida", prestou homenagem ao mestre Vitalino, que retratou a vida no agreste nordestino em famosas esculturas de cerâmica. O traje típico da região, cujo chapéu de cangaceiro o músico não dispensava, foi tema de inúmeras fantasias. Artesanato e pratos locais ,como o baião de dois, foram temas de algumas alas, assim como o mandacaru, cactus típico da caatinga. Rosinha Gonzaga, filha do homenageado que participou do desfile, comemorou. "Quero agradecer ao meu pai. Poucos filhos têm a oportunidade de ver uma homenagem dessas", disse a jornalistas. (Por Maria Pia Palermo e Pedro Fonseca)
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