PCC decreta luto pela morte de líder

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dos principais mentores da maior rebelião do sistema penitenciário brasileiro, ocorrida em 36 presídios paulistas em 18 de fevereiro, Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, de 41 anos, foi morto na manhã desta sexta-feira, na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, a 130 quilômetros de São Paulo. Por volta das 7h30, durante o banho de sol dos detentos, ele foi atacado por seis outros presos, que tentaram enforcá-lo com um cadarço de sapato, chutaram-no e pisaram-no inúmeras vezes em uma ação que deve ter durado cerca de cinco minutos. O advogado de Sombra e dos três fundadores do PCC - conhecidos por Cesar, Misael e Geléia -, Ruiz Andrade Amaral, disse que o "partido", o PCC, colocará uma bandeira sobre o caixão de Sombra, que será enterrado neste sábado pela manhã no Cemitério da Vila Alpina, na Capital. Segundo ele, o PCC decreta, a partir deste sábado, sete dias de luto pela morte de seu líder. "A partir deste sábado, já se verão lençóis pretos estendidos nas janelas das celas", disse. O diretor da Casa de Custódia, José Ismael Pedrosa, afirmou que foi a 17ª morte ocorrida no anexo da penitenciária, parte do presídio construída há 16 anos, que abriga 160 dos 404 presos que o presídio comporta. Os nove óbitos anteriores ocorreram durante a rebelião de dezembro, quando a cadeia foi destruída. Sombra, em sua quinta passagem pelo presídio, ficaria no local até segunda-feira, quando seria transferido para outra unidade penal. Segundo Pedrosa, o detento ficaria no presídio por 180 dias, mas, por bom comportamento, seria transferido antes do prazo. Sombra cumpria pena em Taubaté desde 20 de fevereiro, quando foi transferido do Carandiru dois dias após ter participado da articulação do maior motim penitenciário registrado no País. Com uma ficha extensa, na qual constavam homicídios, roubos e furtos, ele estava condenado a 218 anos, quatro meses e 18 dias de prisão, que se extinguiriam em 4 de agosto de 2216. Apenas Sombra e outros nove detentos estavam no pátio do presídio no momento do crime. Segundo o diretor da casa, os agentes penitenciários acompanham o banho de sol fora do pátio, em cabines. Estas têm acesso ao pátio por portões, que foram segurados pelos presos Wilson da Silva, Roberto Carlos Martis e Emerson de Solza Almeida. Enquanto os agentes eram mantidos afastados, seis presos, Vinícius Brasil Nascimento - conhecido como Capeta -, de 23 anos, Luciano Fernandes da Silva, de 24, Carlos Magno Zito Alvarenga, de 47 anos, Wilson Vitor Huchek, de 26, Fernando José Januário, de 24, e Alexandre Aparecido Olímpia, de 23, partiram para cima de Sombra. Nascimento e Silva teriam desferido os golpes que mataram o detento. Uma amiga da família de Sombra, que não quis se identificar, disse que Nascimento e Carlos Alvarenga seriam amigos do morto. O advogado do detento disse não saber se eles pertenciam ao PCC ou se tinham alguma amizade com seu cliente. Pedrosa disse que a provável causa do ataque tenha sido um desentendimento entre os presos. Ele afirmou que não havia nenhum tipo de hostilidade entre os detentos. "Sempre colocamos dez detentos que se dão bem para tomar banho de sol juntos. Senão, sempre haveria mortes." Ele disse ter conversado diversas vezes com Sombra, que nunca indicou ter recebido qualquer tipo de ameaça dentro do presídio. "Sempre tivemos um relacionamento de respeito mútuo". O diretor também afirmou que não havia como impedir o crime. "Os seis detentos tiveram uma ação imediata". Ele não soube precisar quantos agentes faziam a segurança no local no momento do homicídio. "Era o suficiente. O de sempre", limitou-se. A Secretaria da Administração Penitenciária instaurou um inquérito para averiguar as responsabilidades. "Isso é de praxe quando há um assassinato", disse Pedrosa, que não vê motivos para transferência dos presos assassinos. Pedrosa disse não saber se os detentos que executaram Sombra pertenciam a alguma facção criminosa. "Isso, a polícia investiga fora daqui. Aqui dentro, não funciona nenhuma facção". Quanto a Sombra, ele afirmou que o detento tinha "uma certa liderança sobre os demais."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.