O delegado-titular da Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Ruy Ferraz Fontes, reconheceu hoje que os comandos das facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho possuem "ligações pessoais estreitas". De acordo com Fontes, a "união institucional" não ocorreu ainda porque a organização criminosa paulista possui um "discurso ideológico" e a quadrilha carioca tem uma "visão empresarial" do crime. Ele acredita que a divisão de lucros seria um entrave entre as facções. "Caso eles perceberem que a união pode ser lucrativa para ambos os lados, se integrariam rapidamente." A diferença entre as duas quadrilhas ficam claras nas investigações, de acordo com o policial. "Para se ter uma idéia, as escutas telefônicas do celular dividido entre Cesinha (então líder do PCC) e Chapolim (braço direito de Fernandinho Beira-Mar no Rio), em 2002, no Presídio de Bangu 1, mostram Cesinha preocupado em organizar represálias contra diretores de presídios que puniram detentos, enquanto Chapolim perguntava aos comparsas sobre gastos com drogas, assistencialismo e propinas a policiais." O delegado disse que o fato de os presos do Rio cumprirem pena em outros Estados facilita a troca de informações entre as quadrilhas. "O ideal seria que os condenados no Rio cumprissem as penas em seus Estados", apontou Fontes. As afirmações do delegado foram feitas durante a palestra dele no 10º Seminário sobre Criminalidade e o Sistema Penal Brasileiro, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro do Rio.
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