PCC será usado na reta final de campanha, afirma Marco Aurélio Garcia

Na prática, a cúpula da campanha de Lula quer devolver para Alckmin a pergunta "como não sabia?", que o PSDB repete à exaustão para atazanar o presidente

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Por Agencia Estado
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Em nova tentativa de carimbar o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, como "complacente" com o crime organizado, o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, confirmou ontem que o tema será usado nessa reta final da campanha. "Eu acho muito estranho que o secretário da Segurança Pública de São Paulo tenha negociado com o Primeiro Comando da Capital (PCC)", disse Garcia, numa referência a Saulo de Castro Abreu. Depois de o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ter afirmado duas vezes - na última quarta-feira e neste domingo - que os ataques do PCC serão lembrados nos debates eleitorais de agora em diante -, Garcia foi na mesma linha. Coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele mostrou irritação quando um repórter o indagou se a tática seria mesmo usada nos próximos dias. "Como não vamos usar? Nós já falamos sobre a incapacidade do governo de São Paulo na segurança e não há nenhuma insídia nisso. É um tema de domínio público", argumentou Garcia, lembrando que Alckmin governou o Estado de 2003 até março deste ano e, antes disso, foi vice-governador na gestão de Mário Covas. "Todos sabem que São Paulo ficou vários dias sob o comando do PCC." Na prática, a cúpula da campanha de Lula quer devolver para Alckmin a pergunta "como não sabia?", que o PSDB repete à exaustão para atazanar o presidente. A estratégia do tucanato foi preparada sob medida para envolver Lula no escândalo do dossiê, um conjunto de fotos e CD que os petistas tentaram comprar de Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, para atingir José Serra, hoje governador eleito de São Paulo, e alavancar a candidatura do petista Aloizio Mercadante. Berzoini Embora Lula tenha dito que o então presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), caiu porque não deu explicações sobre a tentativa de compra do dossiê Vedoin, Garcia procurou isentar o companheiro de culpa. "Eu não tenho hábito de fazer exegese das palavras do presidente. Ele disse e está dito", resumiu o presidente do PT, que substituiu Berzoini há 11 dias. " A decisão de afastar Berzoini tinha como objetivo fundamental não transformar a campanha em alvo de ataque pelo fato de não estar plenamente esclarecida a posição dele no episódio." Garcia disse ter convicção de que Berzoini não estava envolvido na "origem" da negociata sobre o dossiê. "Quando muito, houve uma certa leniência pelo fato de ele não ter freado a ação dos companheiros", comentou. Questionado se o PT estaria preocupado com os desdobramentos das denúncias, Garcia respondeu que não é disso que se trata. "Nós não estamos nervosos. A coordenação da campanha e o governo não têm qualquer envolvimento com esse episódio do dossiê", assegurou ele.

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