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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião | O mais importante é que nós gostamos de fazer internet

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Cá ao redor, tudo novo. Desde ontem, tanto a versão impressa de O Estado de S. Paulo quanto o site estadão.com.br mudaram um bocado. Na versão online, as mudanças são marcadas por temas que têm sido constantes cá na coluna e buscam acompanhar a transformação pela qual a internet passa. Um dos temas principais é o das redes sociais. Tanto Google quanto seus concorrentes têm tido dificuldades de manter a qualidade de seus produtos. A técnica de SEO, otimização para sites de busca, é utilizada por cada vez mais portais na web. Sites que manipulam sistemas de busca aparecem mais alto nas páginas de resultados. A consequência, evidentemente, é que os resultados estão ficando piores. Nos últimos dois ou três anos, todos os sites jornalísticos – incluindo o nosso – investiram muito em SEO. A técnica traz mais gente. Porém, os leitores que chegam após uma busca entram e saem com velocidade. Com as redes sociais, é diferente. O leitor que chega via a indicação de um amigo no Twitter, no Orkut, no Facebook ou até mesmo na mais antiga das redes sociais – o e-mail –, fica. Ele não veio porque o site de notícias era uma entre 20 mil respostas possíveis. Veio porque um amigo ou alguém que ele respeita recomendou especificamente aquele texto, aquele vídeo, aquela fotografia. É quem dá mais valor à informação que recebe. Todos, na internet, estamos usando mais e mais esta rede de recomendações. Aqui, o fenômeno se mostra nas estatísticas. Há um ano, em março de 2009, os sites externos que mais enviavam leitores para o estadão.com.br eram, na ordem, Google, Bing e Yahoo. Hoje, em segundo lugar, está o Twitter. O mundo já é outro e, por isso mesmo, estamos inaugurando uma fase na qual nos concentraremos cada vez mais nessa relação direta com os leitores via redes sociais. Tudo isso tem a ver com conversas. Não estamos na internet apenas para nos informar. Estamos, também, para falar uns com os outros. A internet é uma conversa. Em um bom site de notícias, a conversa entre jornalistas e o público é fonte de pautas e uma constante lembrança da importância de uma imprensa livre. É nas conversas de cada esquina que se constrói uma democracia. A imprensa, que tem por missão informar essas conversas, na rede ganha a oportunidade de participar delas. É porque estamos apostando nisso que criamos uma equipe de moderação. A palavra tem um ranço: parece tratar de gente que corta comentários mal-educados. Só que vai muito além disso. Queremos dar mais destaque às discussões que acontecem no site – e elas são muitas, fascinantes. No Paladar, neste exato momento, leitores e o editor-executivo Luiz Américo Camargo discutem em seu blog Eu Só Queria Jantar a criação coletiva de um fermento natural. Essa conversa se transformou em um dos principais assuntos da redação. E não é raro que isso se dê. É por conta dessa aposta que decidimos chamar, na home do site, não apenas notícias, blogs, vídeos – mas também comentários, discussões. Aliás: ao fechar o Link, dê uma olhada na página A3 do jornal, tradicionalmente reservada aos editoriais. Ao lado das cartas, os comentários da web ganharam espaço também no papel. A equipe chefiada pelo editor Alexandre Matias, aqui no Link, inaugurou uma mudança de cultura no Estado. É a da integração. Os mesmos jornalistas que produzem semanalmente o caderno de papel assinam diariamente, minuto a minuto, o site e os blogs do Link. Uma cultura semelhante já toca o site de Economia & Negócios, onde as equipes do papel, da Agência Estado e da internet operam se comunicando a todo segundo, trocando informações, trabalhando em conjunto. O que é publicado primeiro na internet lá vai para o jornal. E o que o jornal apura, muitas vezes, sai antes na internet. Na maneira como as redações trabalham, temos muito orgulho de dizer que, no Brasil, estamos na vanguarda. O novo site demorou seis meses para ser criado, com ajuda da Cases i Associats, uma consultoria catalã. Visitamos várias redações no exterior. Mas o mais importante de tudo isso, no fundo, é o seguinte: nós gostamos de fazer internet.

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