Gisele Bündchen faz 28 anos em julho, mas está longe da crise dos 30. Quer se casar e ter filhos, só que isso acontecerá apenas "quando Deus quiser". Simpatiza com Hillary Clinton, mas também com Barack Obama. É crítica do Bolsa-Família, por considerá-lo um programa assistencialista. Não exige pagamento em euro em seus contratos, nem ganhou R$ 1 milhão para desfilar no Fashion Rio. "Ouvi isso ontem e dei risada. Se ganhasse isso, ia estar aposentada hoje. É um absurdo", disse a supermodelo ao Estado, em entrevista horas antes de sua passagem avassaladora pela passarela da Colcci. De short e blusa de alcinhas brancos, sandália rasteira nos pés e os cabelos em coque, Gisele recebeu a reportagem em seu quarto no luxuoso Copacabana Palace, onde está desde domingo - a irmã gêmea, Patrícia, a acompanha. A estrela do Fashion Rio, simpática e simples, não foge de nenhuma pergunta, mas questões particulares, como o namoro com o jogador de futebol americano Tom Brady, foram vetadas. Há sete edições destaque da Colcci e da semana de moda carioca, ela diz que adora vir à cidade. Conta que poderia escrever um livro com todas as fofocas mentirosas a seu respeito. Diplomática, prefere não criticar celebridades americanas que vivem nas páginas das revistas por conta de escândalos - Britney Spears, Paris Hilton, Lindsay Lohan... "Cada ser humano está tentando se encontrar de certa forma: eu, você, essas pessoas. Há pessoas que têm essa maneira de lidar com algum tipo de dificuldade. Eu não sou ninguém para julgar." De sua parte, "nunca faria qualquer coisa" que pudesse desapontar os pais. E garante que está feliz da vida, cada vez mais senhora de si. "Eu já passei por várias dificuldades na minha vida, que me fizeram aprender coisas. Hoje, eu sei muito melhor do que há dois ou três anos. Aprendi onde eu quero estar e onde não quero estar." Casamento antes dos 30? "É uma pressão que as mulheres se colocam e a sociedade fala: ?você está com 30, está velha?. Que ridículo! Eu vou fazer as coisas na minha vida no momento em que eu achar que for certo pra mim." Decidida, revelou não ter aceitado apresentar o bem-sucedido programa Brazil?s Next Top Model, na Sony, porque não gosta de televisão. Já cinema... "É um acontecimento. O último que vi foi O Caçador de Pipas. Eu só chorei no filme". Como atriz, só voltará a trabalhar se receber um roteiro muito bom. "Eu só tenho 24 horas num dia." Ao comentar o cenário político brasileiro, hesita, olha para a irmã e avisa: "Vou ter de falar isso, me desculpe." E dispara: "Eu acho que esse Bolsa-Família que o Lula criou tem os seus pontos positivos e negativos. É legal você ajudar o povo, porque o mínimo que o ser humano necessita é a comida", pondera. "Mas não é legal incentivar as pessoas a não procurarem fazer por elas mesmas, a ficar em casa tendo filho. Ensina a pescar, em vez de dar o peixe, porque um dia o peixe vai acabar!" À NOITE Na entrevista, à tarde, a top cumpriu rigorosamente o horário. À noite, sua apresentação no Centro Cultural Ação da Cidadania atrasou mais de uma hora. Mas as cerca de 800 pessoas presentes não reclamaram. Bastou Gisele pisar na passarela para o público delirar. O mesmo ocorreu em outras duas entradas. A passarela giratória do desfile-espetáculo da Colcci até atrapalhou alguns modelos - que se desequilibraram. Mas a top passou incólume.