Piedade, na região de Sorocaba (SP), chegou a ser o maior produtor de cebola do País, nas décadas de 70 a 90. A produção abastecia São Paulo, Rio de Janeiro e outros Estados. Na safra, o cheiro do tubérculo impregnava o ar. Mas, frente à concorrência argentina, muitos desistiram. De três anos para cá, porém, Piedade está voltando a ser a terra da cebola, sobretudo pelas novas tecnologias na lavoura. Com o uso de terraceamento em nível, irrigação por microaspersão e a produção de mudas em estufa, a produtividade deu um salto, conta o produtor Ismael Tenório. ''Há dez anos, eu colhia 1 tonelada por tarefa. Hoje, colho entre 6 e 7 toneladas.'' Uma tarefa corresponde a 756 metros quadrados. A principal mudança no cultivo foi na forma de produção das mudas. ''Hoje, fazemos a muda em estufa, com sementes importadas.'' Antes, o processo era artesanal. O produtor semeava canteiros e, quando as mudas começavam a formar bulbos, eram colhidas e guardadas. A parte verde secava, mas o bulbinho mantinha seu poder de germinação e ia para o campo. Não dava, porém, uma cebola graúda como a argentina. Agora, as sementes são lançadas com máquinas próprias, em bandejas de isopor. Com temperatura controlada e nutrientes, as mudas ficam prontas entre 50 e 60 dias. A semente é americana, da variedade ótima. O plantio é feito em terraços com 1,20 metro de largura e 20 centímetros entre linhas. Vigorosas, as mudas geram de duas a quatro cabeças por cova. Para fazer os canteiros, Tenório acompanha a curva de nível para evitar a erosão. A cebola ocupa 120 tarefas e deve render na colheita, no fim de outubro, de 500 a 600 toneladas. Tenório espera que o preço atual, de R$ 1 o quilo, permaneça até lá. O custo de produção está em R$ 1.500 por tarefa. As mudas representam 30% do custo. Com o novo sistema de produção de mudas, o tubérculo pode ser cultivado o ano todo. O vizinho de Tenório, o produtor Moisés Donizete Godinho, está colhendo. Ele antecipou o plantio para aproveitar a entressafra de outras regiões. No frio, a produtividade é menor - 3,5 toneladas por tarefa - mas o preço compensa. ''Vendo por R$ 1 o quilo.'' A variedade mercedes, importada, suporta bem o clima frio. Para ter tubérculos maiores, o produtor raleou a produção. De acordo com Gerson Xavier Pereira, da Secretaria Municipal de Agricultura, Piedade deve produzir cerca de 2.500 toneladas. ''A cultura está em franca expansão. Em dois ou três anos, esse volume vai dobrar.'' INFORMAÇÕES: Secr. Agr. Piedade, (0--15) 3244-1201