O policial militar suspeito de ser autor dos tiros que mataram três estudantes em uma festa no subúrbio do Rio, na madrugada de domingo, teve sua prisão temporária decretada hoje pela Justiça. Em depoimento à polícia, o soldado Cristiano Santos Garcia, 31 anos, contou ter atirado só para o alto, e acusou os seguranças do clube onde a tragédia ocorreu pelos disparos fatais. Também baleado, o universitário Rafael Spena Braga, 19 anos, deixou o hospital Salgado Filho, no Méier, onde foi operado, e está fora de perigo. Em depoimento à titular da 24ª Delegacia de Polícia (Piedade), Danielle Bessa, na noite de domingo, o PM disse ter atirado entre 5 e 10 vezes, para o alto, na porta do clube Só na Bola, em Água Santa. No local estava sendo realizada a ?Chopada dos Índios?, organizada por estudantes da UniverCidade. Ele explicou ter usado a arma para dispersar uma confusão. Os seguranças da festa teriam, segundo o soldado, revidado efetuando entre 30 a 40 disparos. O relato, no entanto, difere dos depoimentos ouvidos pela delegada. ?Ele alega que houve uma troca de tiros. É uma versão que destoa dos outros depoimentos?, disse Bessa, acrescentando que duas testemunhas reconheceram o PM como sendo o autor dos tiros. Ela afirmou que 11 projéteis foram encontrados no local da tragédia, todos do calibre usado em pistola modelo PT-380. Depois de ouvir 14 pessoas, a delegada disse ainda não ter indícios para afirmar se os seguranças estavam ou não armados e se teriam atirado. O responsável pelo Só na Bola, Aloísio Caldas, foi procurado pela reportagem, mas não retornou as ligações. Segundo uma testemunha, a confusão começou dentro do banheiro feminino. Uma garota, assustada ao ver a namorada do PM com uma arma dentro da bolsa, foi reclamar para os seguranças. Houve uma discussão e as duas foram expulsas. Garcia foi defender a namorada e também foi retirado. Saiu fazendo ameaças, pegou uma arma em seu carro e atirou várias vezes na frente do clube Cerca de 300 pessoas estavam no local. Priscila Nunes Barbosa Petrone, de 16 anos, atingida nas costas, e Rogério Ferreira Aguiar, de 20 anos, baleado na testa, morreram ao dar entrada no hospital, e foram enterrados no domingo. Diego Pão Cardoso, de 19 anos, ferido na cabeça, morreu horas depois e foi sepultado hoje, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O responsável pelas mortes vai responder por triplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio. No primeiro caso, a pena varia de 12 a 30 anos de prisão por cada assassinato.