A médica Juliana Chiumento iria de Cascavel, no Paraná, para o Rio de Janeiro na sexta-feira, 9, com conexão em Guarulhos, mas, a pedido do pai, trocou a passagem para esse sábado, 10. O voo da Voepass que Juliana pegaria na sexta-feira caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando as 62 pessoas que estavam a bordo (58 passageiros e quatro tripulantes).
“Estou bem nervosa, bem emocionada. Não tinha como eu chegar nesse aeroporto e não lembrar dos meus amigos que estavam ontem nesse voo, que embarcaram”, disse Juliana neste sábado, no aeroporto de Cascavel, onde pegou um voo da Gol para retornar ao Rio. “Foi Deus que falou para o meu pai me mandar mensagem. Pra eu não ir na sexta, pra eu ir no sábado de manhã.”
Juliana trabalhava no Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan). Entre os profissionais do hospital que morreram no acidente aéreo de sexta-feira estão as residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim.
“Perdi amigas. Muitas pessoas que estavam no voo eram meus colegas de trabalho, meus amigos”, lamentou Juliana. “Que Deus conforte o coração de todos os familiares e dê força. Uma hora dessas podia ser meu pai aqui, atrás de mim, atrás do meu corpo.”
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A queda do avião da Voepass é o acidente aéreo em solo brasileiro com mais vítimas desde 2007, quando uma tragédia com uma aeronave da TAM deixou 199 mortos.
A companhia aérea Voepass (antiga Passaredo) incluiu neste sábado, 10, o nome de uma 58.ª vítima, que estava fora da lista oficial por uma questão técnica “referente às validações de check-in, validação do boarding e contagem de passageiros embarcados”.
A causa ainda será investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB). As duas caixas-pretas do avião foram encontradas e o piloto não havia comunicado emergência aos órgãos de controle, conforme a FAB.
A Voepass diz que a aeronave, do tipo ATR, estava em boa condição e havia passado por manutenção. O modelo, considerado seguro, é bastante usado na aviação comercial em viagens curtas.
Especialistas acreditam que as condições climáticas podem ter contribuído para o desastre. Imagens da mostram a aeronave cair em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, o “estol”. A perda de sustentação pode estar associada à formação de gelo nas asas da aeronave.
A identificação dos mortos será feita no Instituto Médico-Legal (IML) Central, na capital paulista. Os corpos ainda estão sendo retirados da aeronave, em um trabalho que se estende desde a madrugada. Entre as vítimas, havia médicos que viajavam para um congresso de oncologia em São Paulo, empresários que voltavam de um evento de construção civil no Paraná, professores de uma universidades pública local, passageiros que iriam visitar parentes.