Polícia de Goiás mata cinco suspeitos após assalto a joalheria; quadrilha era de SP, diz governador

Grupo roubou loja de shopping na noite de sábado e foi encontrado na manhã de domingo. Ataques similares têm sido frequentes em diferentes Estados

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Uma quadrilha rendeu funcionários e assaltou a joalheria de um shopping na noite de sábado, 26, em Goiânia. Na manhã de domingo, 27, a polícia cercou a chácara onde o grupo estava escondido, e matou cinco suspeitos. A identidade das cinco vítimas não tinha sido divulgada até a manhã desta segunda-feira, 28.

O governo goiano afirma que a quadrilha é de São Paulo e planejou o ataque durante dois meses. Só no Estado de São Paulo foram 32 roubos a joalherias este ano, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP).

A quadrilha foi surpreendida em uma chácara, em Senador Canedo. A PM disse que foi recebida a tiros e reagiu. Foto: Governo de Goiás

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O assalto aconteceu em uma joalheria do Shopping Flamboyant, no Setor Jardim Goiás, região nobre da capital. Dois criminosos entraram no local com uniformes azuis, semelhantes ao de uma empresa de limpeza, e mostraram as armas, rendendo funcionários e clientes. Um terceiro ficou do lado de fora.

Os funcionários foram obrigados a abrir gavetas e vitrines. Além de 70 relógios das marcas Rolex, Cartier e Montblanc eles levaram canetas e abotoaduras de ouro. Cada relógio custa em média R$ 30 mil.

Os suspeitos, que usavam mochilas, bonés e protetores faciais, deixaram rapidamente o local sem serem perseguidos. Conforme a Secretaria da Segurança Pública de Goiás, a Polícia Militar se mobilizou rapidamente e conseguiu rastrear o bando através de imagens de câmeras de monitoramento.

A quadrilha foi surpreendida em uma chácara, em Senador Canedo. A PM disse que foi recebida a tiros e reagiu. Cinco homens foram mortos e duas mulheres que estavam no local foram presas.

O governador goiano, Ronaldo Caiado (União), afirmou em redes sociais que o serviço de inteligência da polícia estadual identificou que o assalto foi planejado durante 60 dias e que a quadrilha saiu de São Paulo para praticar o crime em seu Estado.

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“Em Goiás, bandido não se cria”, postou, elogiando a ação da polícia que resultou em cinco mortes. “Os criminosos erraram em subestimar a eficiência, o profissionalismo e a garra das nossas polícias”, disse.

Casos em São Paulo

A ação da quadrilha em Goiás foi parecida com a de recentes assaltos acontecidos em joalherias do estado de São Paulo. Na noite do último dia 14, um domingo, ladrões invadiram o Shopping Brisamar, em São Vicente, no litoral paulista, e levaram joias e relógios das vitrines de uma joalheria. Clientes e funcionários foram tomados como reféns. Uma funcionária de 21 anos foi atingida por um tiro, mas já se recuperou. Os suspeitos fugiram.

No dia 8 de outubro, dois homens armados invadiram uma loja na Galleria Shopping, em Campinas, e levaram joias de valor não divulgado. Um terceiro suspeito ajudou na fuga. Não houve tiros , nem feridos.

O grupo seria o mesmo que assaltou duas joalherias do shopping Parque D. Pedro, também em Campinas, em junho. Os ladrões, que tinham uma submetralhadora, se passaram por clientes e renderam funcionários para levar as jóias dos cofres. Seguranças reagiram, houve tiros e pânico. Um suspeito foi baleado e morreu, outros três foram presos.

Em agosto, quatro homens armados invadiram um shopping em Taubaté, roubaram mais de 200 relógios de uma joalheira e fugiram levando dois reféns – uma funcionária e um segurança – que foram abandonados em uma estrada.

Conforme a investigação, o mesmo grupo havia assaltado duas joalherias em um shopping de Jacareí, em outubro do ano passado. Na fuga, houve reação e troca de tiros. Um segurança do shopping foi ferido de raspão na cabeça.

Em julho, uma quadrilha assaltou o Internacional Shopping, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. O grupo rendeu funcionários e, na fuga, levou dois seguranças como reféns.

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Eles foram abandonados com o carro usado na fuga e ninguém se feriu. No mesmo mês, houve dois ataques a joalherias da capital, no Central Plaza, no qual um segurança foi ferido com um tiro no pé, e no Shopping Aricanduva.

No interior, já havia ocorrido outros assaltos este ano. Em maio, dois assaltantes levaram R$ 1,8 milhão em joias de uma joalheria no centro de Rio das Pedras. Eles foram cercados e presos em Piracicaba, cidade vizinha.

O produto do roubo foi recuperado. No mesmo mês, os assaltantes invadiram uma joalheria no Bairro Redentora, em São José do Rio Preto, desativaram os sistemas de alarme e roubaram jóias, diamantes e relógios avaliados em “vários milhões”, segundo os proprietários.

Em janeiro, na mesma cidade, uma quadrilha havia atacado uma joalheria no shopping Iguatemi Rio Preto, levando produtos avaliados em cerca de R$ 2 milhões. Um dos criminosos se passou por cadeirante e levou uma metralhadora no colo.

Nove suspeitos foram presos e denunciados. Também em janeiro foi roubada uma joalheria em Avaré – cinco suspeitos foram presos dois meses depois.

A mais recente onda de assaltos a joalherias começou em agosto de 2021, quando uma quadrilha invadiu o Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto, rendeu os seguranças e colocou em bolsas jóias, relógios e produtos de grife internacional. Clientes e funcionários foram obrigados a deitar no chão, enquanto os dois criminosos saíam calmamente. O assalto durou apenas quatro minutos.

Em novembro passado, em Sorocaba, os criminosos entraram no Shopping Iguatemi como se fossem clientes. Dois homens invadiram a joalheria e um terceiro ficou no corredor dando cobertura.

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Após o assalto, a segurança reagiu e houve disparos, mas os criminosos fugiram. Ninguém ficou ferido. Onze dias depois, duas joalherias foram assaltadas no Shopping Piracicaba, em Piracicaba. Os quatro homens se dividiram em duplas e renderam os funcionários. Na fuga, lançaram pregos retorcidos nas ruas para dificultar a perseguição.

Casos em outros Estados

Desde o início deste ano, foram registrados ao menos 20 ataques desse tipo em oito estados e no Distrito Federal. Além de São Paulo e Goiás, foram registrados roubos a joalherias no Rio, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e no DF.

Conforme a polícia, as joalherias se tornaram alvo de criminosos devido ao alto valor de seus produtos e à liquidez gerada por esse tipo de crime. Além da facilidade para vender os relógios, inclusive no mercado internacional, o ouro das jóias pode ser derretido.

A Superintendência de Imprensa do governo de Goiás informou que a investigação do assalto à joalheria no Shopping Flamboyant, em Goiânia, ainda não foi concluída e, segundo a Secretaria de Segurança Pública, o inquérito está em sigilo.

À reportagem, o coronel Durvalino Câmara, que comandou a operação, disse que a identificação dos suspeitos cabe à Polícia Civil. “Não há dúvida da participação (dos suspeitos mortos) no assalto porque apreendemos relógios e joias com eles que eram da joalheria.”

Além disso, segundo ele, o exame nos celulares mostrou que as duas mulheres presas filmaram o interior do shopping para ajudar no planejamento da ação. A Polícia Civil informou que celulares, veículos, documentos e objetos encontrados na chácara onde ocorreu o confronto estão sendo periciados.

“Há suspeitas de que a ação teve a participação de comparsas de fora do Estado de Goiás, os quais já estão sendo alvos de levantamentos feitos pela delegacia especializada”, disse, em nota.

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A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que está atenta às variações criminais e trabalha para combater os roubos a joalherias ocorridos em São Paulo, que se mantêm estáveis nos dez primeiros anos deste ano, com 32 ocorrências.

“Neste ano, cerca de 18 autores foram presos por este tipo de crime no Estado. A Polícia Civil de São Paulo mantém contato com unidades policiais de estados para troca de informações que possam auxiliar no esclarecimento dos crimes”, disse, em nota.

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