A polícia do Quênia usou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo nesta quinta-feira, 3, para dispersar grupos de pessoas que se dirigiam a um protesto convocado pela oposição contra o resultado das eleições presidenciais da semana passada. Veja também: Entenda a crise no Quênia Mais de 300 pessoas foram mortas na onda de violência que eclodiu no país após a eleição, e há temores de que a violência possa aumentar por causa de rivalidades tribais. O líder da oposição, Raila Odinga, acusa o presidente Mwai Kibaki, declarado reeleito, de ter fraudado a eleição. Odinga fez um apelo a seus correligionários para que comparecessem em massa a um parque em Nairóbi, capital do país, para exigirem a renúncia de Kibaki. O protesto foi proibido pela polícia. O líder opositor disse à BBC que a manifestação é "um momento decisivo" para o Quênia. Parque cercado As forças de segurança cercaram o parque Uhuru na manhã desta quinta para tentar impedir a concentração dos opositores. Vestidos com cachecóis brancos e cantando o hino nacional, manifestantes da favela Kibera caminharam cerca de dois quilômetros em direção ao centro da cidade até serem parados pela polícia. A tropa de choque bloqueou a saída de outros simpatizantes da oposição da favela, mas muitos prometiam resistir e tentar chegar a todo custo ao local da manifestação. Odinga prometeu manter o protesto e disse que isso enviaria uma mensagem de paz aos simpatizantes da oposição. "Este é um momento decisivo para o país, porque, como vocês podem ver, as pessoas deste país não querem aceitar isso de cabeça baixa", disse ele em entrevista à BBC. "As pessoas querem ver nossa democracia fortalecida e expandida, para que o espaço democrático não seja espremido pelo governo", disse. O correspondente da BBC em Nairóbi Ian Pannell diz que é pouco provável que a oposição consiga reunir um milhão de pessoas, como pretendia Odinga, mas poucos acreditam que o dia transcorra sem mais violência. O vice-presidente do Quênia, Moody Awori, pediu a Odinga que aceite a derrota e desista dos protestos. "Eu apelo ao meu amigo Raila: supere sua raiva, sua amargura e suas emoções negativas pelo bem do nosso país, que você tanto quer liderar", afirmou em uma declaração pública. O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, se tornou o primeiro chefe de Estado a endossar o resultado da eleição e parabenizou Kibaki. Na terça-feira, uma missão de observadores da União Européia disse que as eleições não haviam sido lisas. Membros da própria comissão eleitoral do Quênia também sugeriram que a contagem dos votos pode ter sido fraudada. Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.