Uma megaoperação da Polícia Civil com cerca de 200 agentes para prender um dos traficantes mais procurados no Rio terminou com a apreensão de dois pequenos jacarés na Favela da Coréia, em Senador Camará, zona oeste do Rio. O delegado-titular da Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos, Ronaldo Oliveira, alegou que os animais eram usados pelos traficantes locais para amedrontar moradores, devorar partes de corpos de rivais mortos e ameaçar vítimas de crimes como os seqüestros relâmpagos. "Há muito tempo escutávamos uma lenda de que criminosos usavam jacarés para proteger paióis de armas, por exemplo. Hoje, conseguimos um indício deste crime. Um morador relatou que uma vítima de um seqüestro relâmpago foi levada para a favela de carro, obrigada a entregar o cartão e enquanto um bandido sacava o dinheiro de sua conta foi ameaçada de ser jogada aos jacarés por outro comparsa", disse o delegado-titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis, Ronaldo Oliveira. Os animais foram encontrados no quintal do barraco da sogra de um suposto traficante conhecido pela polícia como Aranha. No entanto, os policiais afirmaram que os jacarés estariam ali sem o consentimento da mulher. Embora desconheça o interesse em manter os jacarés na favela, a gestora do Parque Chico Mendes, no Recreio dos Bandeirantes, para onde foram levados os animais apreendidos, discorda da teoria do delgado. "Não é habito desta espécie comer carne humana. Nunca ouvi falar de um caso deste. Eles se alimentam de peixes, crustáceos pequenos roedores e aves. A agressividade também não é uma característica destes jacarés. Eles fogem do homem e estão ameaçados de extinção. O momento que eles ficam mais ariscos é quando protegem o ninho. Os animais que recebemos hoje não tem mais de dois anos", afirmou a bióloga Denise Monsores. A bióloga informou que os jacarés são machos, estão abaixo do peso e ficarão em quarentena até serem libertados em seu habitat natural no Canal das Tachas, nos arredores do parque. Procurado fugiu A operação aconteceu um dia após o tiroteio entre PMs e traficantes que deixou dois supostos criminosos mortos. Nesta manhã, logo após a entrada dos policiais civis nas favelas, houve um intenso tiroteio que interrompeu por 45 minutos o tráfego de trens entre os bairros de Campo Grande e Bangu, na zona oeste. Policiais ocuparam a favela Vila Aliança para impedir a fuga de bandidos. Policiais do 14.º Batalhão da Polícia Militar (Bangu), que davam apoio a operação, apreenderam na Favela da Coréia, uma metralhadora ponto 30, três granadas, dois fuzis, oito quilos de maconha e 5 mil papelotes de cocaína. Três pessoas suspeitas foram detidas e Welington Celestino dos Santos, de 22 anos, foi preso com um revólver calibre 38 e um carregador de pistola calibre 45. O principal alvo da operação, o traficante Márcio da Silva Lima, o Tola, que comandaria o tráfico na região, não foi encontrado na casa que supostamente o abrigava. O Disque-Denúncia oferece R$ 2 mil para que fornecer informações sobre o paradeiro do criminoso. Texto alterado às 20h08 para acréscimo de informações.
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