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Polícia insistirá em interrogar suspeitos de matar Eliza

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Por EDUARDO KATTAH E JULIA BAPTISTA

Diante da resistência dos suspeitos pelo desaparecimento de Eliza Samudio em prestar declarações, a Polícia Civil de Minas Gerais vai usar a estratégia de tentar "cansá-los" com técnicas de interrogação. Hoje, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, se recusou a responder as perguntas feitas pelos delegados que apuram o caso. Bola é apontado pela polícia como autor da suposta execução e sumiço dos restos mortais de Eliza, ex-amante do goleiro do Flamengo Bruno Fernandes Souza. De acordo com o advogado do suspeito, Zanone Oliveira Júnior, o ex-policial se reservou ao direito permanecer calado e de só responder em juízo às dezenas de questionamentos feitos.A mesma orientação foi dada pelo advogado Ércio Quaresma a outros três suspeitos de envolvimento com o crime: Wemerson Marques, o Coxinha, Flávio Caetano e Elenilson Vitor da Silva. Os quatro foram levados no início da tarde da penitenciária de segurança máxima, Nelson Hungria, em Contagem, para o Departamento de Investigação (DI), na capital mineira. Coxinha e Elenilson somente ratificaram depoimentos anteriores, e se recusaram a responder novas perguntas, o que só farão em juízo.Para avançar na investigação, a polícia pretende promover uma acareação entre os primos de Bruno, para esclarecer divergências nas versões apresentadas nos depoimentos dos dois. Um é o adolescente de 17 anos cujo nome não é divulgado, e o outro é Sérgio Rosa Sales.O juiz da Vara da Infância e da Juventude de Contagem, Elias Charbil Abdou Obeid, encaminhou na sexta-feira um pedido para que o menor - que cumpre internação no Rio - seja transferido para Belo Horizonte. Em despacho anterior, o juiz determinou a internação por cinco dias do adolescente. Nesta segunda-feira, o juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, Marcius Ferreira, autorizou a transferência do menor para Minas Gerais. O advogado Marco Antônio Siqueira, que representa Sérgio, disse que considera "fundamental" a acareação para o esclarecimento dos fatos e pediu a participação do promotor que acompanha o caso, Gustavo Fantini. Segundo ele, o primo de Bruno está disposto a colaborar com a investigação.Habeas corpusQuaresma - que também representa Bruno, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Dayanne Souza, mulher do goleiro - e o advogado de Bola reiteraram que iriam impetrar ainda hoje no Tribunal de Justiça de Minas Gerais habeas corpus em favor de seus clientes. Até o início da noite, porém, o tribunal não havia acusado o recebimento da medida cautelar. Zanone disse que iria impetrar também nesta segunda-feira uma ordem de reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso ao inquérito e acusou os delegados responsáveis pelo caso de adotar uma "estratégia policialesca"."Quero, inclusive, atestar a legitimidade e a legalidade do depoimento prestado por esse menor (o primo de Bruno, que relatou que Eliza teria sido morta na casa de Bola pelo ex-policial)", disse. "O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro. Um depoimento desse quilate só pode ser colhido na presença de um responsável legal." O advogado disse que "acha" que Bola não conhecia Bruno e chegou a sugerir que a ex-amante do goleiro poderia estar viva e morando atualmente na Rússia. Zanone afirmou ainda que o ex-policial está abatido e muito preocupado com a família e com o destino dos cachorros apreendidos em sua residência.

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