A polícia paraense começou a ouvir hoje em depoimento os vinte presos que ficaram durante 24 dias na mesma cela com a menor L., de 15 anos. Eles foram interrogados pela delegada Márcia Contente na penitenciária de Abaetetuba, no Pará, para onde todos foram transferidos depois que o episódio ganhou as manchetes nacionais. Eles negaram ter mantido relações sexuais com L., mas o depoimento de cada um não foi liberado. A delegada Liana Paulino, integrante da comissão que apura a responsabilidade de todos os envolvidos no caso, disse que a corregedoria da Polícia Civil está investigando as denúncias de violência sexual sofridas pela menina. O delegado Celso Viana e o superintendente da Polícia Civil na região do Baixo-Tocantins, Fernando Cunha, foram também ouvidos, a porta fechadas, em Belém, pela corregedoria do órgão. Viana disse que não sabia que a menina era menor de idade e mostrou uma certidão afirmando que L. teria dito a ele ter nascido em 10 de dezembro de 1987. "Ele disse que perguntou à menor se ela tinha algum parente em Abaetetuba. Ela teria respondido que não e que não tinha nenhum documento", declarou a delegada Liane Freitas, que ouviu Viana em depoimento. Cunha negou-se a falar com os jornalistas, prometendo que o fará no "momento oportuno". Delegada A delegada Flávia Verônica, responsável prisão da menina no dia 21 de outubro, ainda não prestou depoimento. Ela já foi ouvida inicialmente, mas vai ser necessário reinquiri-la. O Instituto Médico Legal comprovou, pelo exame de arcada dentária, que a garota tem menos de 18 anos, mas não precisou a idade exata. Ela foi submetida a cinco exames: verificação de idade, conjunção carnal, verificação de gravidez, contágio venéreo e lesão corporal. Os outros exames serão divulgados amanhã. O corregedor-geral de Justiça, desembargador Constantino Guerreiro, esteve pessoalmente em Abaetetuba para ouvir as explicações da juíza da 3ª Vara Penal, Clarice Andrade. O depoimento dela não foi divulgado. Guerreiro está incomodado com o fato de a juíza não ter respondido ao ofício dele cobrando esclarecimentos sobre o motivo da não transferência da menor para outro local a partir do pedido do delegado Fernando Cunha, no dia 7 de novembro. A secretária estadual de Direitos Humanos, Socorro Gomes, disse que a varredura determinada nas cadeias de todo o Estado começará na próxima semana. "Está tudo sendo preparado com cuidado", resumiu Gomes.
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