Polícia pede desarquivamento de inquérito da Vaidebet, casa de apostas ligada a Gusttavo Lima

Relatório aponta que compra de helicóptero por R$ 2,1 milhões comprovaria ligação entre bet paraibana e a Esportes da Sorte, investigada por suposto vínculo com o jogo do bicho. Vaidebet afirma que requerimento usa fato requentado; defesa do cantor, que não é alvo do pedido, diz que não comentará sobre terceiros

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Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - A Polícia Civil de Pernambuco pediu à Justiça nesta segunda-feira, 20, o desarquivamento do inquérito que apurava suspeita de lavagem de dinheiro por parte da casa de apostas Vaidebet, da Paraíba. A investigação havia sido arquivada no dia 9, depois de o Ministério Público não ver indícios de crimes na operação da bet ligada ao cantor Gusttavo Lima.

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O requerimento de reabertura mira somente José André da Rocha Neto e a mulher dele, Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, apontados como donos da casa de apostas que tem o artista sertanejo como principal garoto propaganda. Mas o relatório de movimentação financeira no qual o pedido é baseado também aponta pagamento de R$ 16.933,19 para a Balada Eventos, empresa do sertanejo.

Em nota, o diretor jurídico da Vaidebet, Daniel Sitônio, afirmou ver o requerimento com estranheza porque o fato utilizado para embasar o pedido de reabertura da investigação “não é novo e foi apresentado pela própria defesa no passado”. Para o representante dos donos da bet, “trata-se de um erro claro” (leia mais abaixo).

Dono e co-ceo da VaideBet, André e Aislla Rocha, ao lado do casal Gusttavo Lima e Andressa Suíte em festa na Grécia — Foto: Reprodução/Redes Sociais  Foto: Reprodução/Redes Sociais

Lima e José André são próximos. Quando a Operação Integration foi deflagrada, em setembro, ambos estavam juntos na Grécia e o cantor chegou a ser apontado como suspeito de ajudar o empresário a escapar do mandado de prisão.

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Segundo a polícia, os donos da Vaidebet compraram um helicóptero que pertencia à Esportes da Sorte, do empresário Darwin Henrique da Silva Filho. A casa de apostas pernambucana ainda é investigada por suspeitas de lavar dinheiro do jogo do bicho em Pernambuco. A firma nega qualquer relação com a contravenção.

A compra e venda comprovaria a relação entre Vaidebet e Esportes da Sorte porque, de acordo com o requerimento policial, “demonstra mais uma vez o elo entre o grupo do Darwin Henrique da Silva Filho e do José André da Rocha Neto”.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades de Inteligência (Coaf) apontou transferência de R$ 2.125.578 da JMJ Participações, uma das empresas do grupo Vaidebet, para a Sports Entretenimento e Promoção de Eventos, de Darwin Filho, em 15 de agosto de 2024. O pagamento seria referente à compra de um helicóptero Airbus EC 130 T2, de matrícula PP-BGA.

Polícia tenta reabrir inquérito sobre Vaidebet alegando que compra e venda de helicóptero, detalhada em relatório, mostra vínculo com outra bet, a Esportes da Sorte, investigada por suspeita de relação com o jogo do bicho Foto: Reprodução

Para a polícia, o Ministério Público de Pernambuco “ignorou o fato” ao pedir o arquivamento da investigação. O requerimento é assinado por oito delegados. No pedido de arquivamento, o MP-PE afirmou que a polícia não conseguiu demonstrar relação entre as duas casas de apostas.

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“Não há indicação de mescla entre esses valores e aqueles obtidos por Darwin Filho, através da exploração do jogo do bicho e supostas apostas ilegais. O único ponto de convergência que se vislumbra no decorrer da investigação é o fato de suas respectivas empresas desempenharem a mesma atividade: exploração de apostas (autorizadas pelas leis 13.756/2018 e 14.790/2023). Só isso”, dizia manifestação ministerial.

O advogado Daniel Sitônio diz que a polícia está trazendo fatos antigos que já foram apresentados pela própria defesa da casa de apostas.

“Trata-se de um erro claro, e por isso recebemos esse posicionamento com muita estranheza. Todos esses fatos constam no processo de investigação que já foi arquivado por determinação do Ministério Público de Pernambuco em concordância com a Procuradoria Geral de Justiça, por isso é incompreensível que os mesmos subsídios sejam insistentemente usados para tentar reviver uma investigação que já foi finalizada. Permanecemos confiantes no trabalho do Poder Judiciário”, disse.

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Inconformada com a condução dos trabalhos pela equipe de delegados, a defesa também requereu uma apuração administrativa na Corregedoria da Polícia Civil e a abertura de um inquérito contra os policiais que atuam no caso. Em uma petição apresentada nesta terça-feira, 21, os advogados da Vaidebet reclamam que, mesmo com o arquivamento da investigação, a polícia fez novas diligências contra os empresários.

Os policiais, por outro lado, afirmam que não é verdadeira a alegação da defesa de que houve diligências ao Coaf após o arquivamento. O que existiu, segundo eles, foi o recebimento de um ofício do órgão. Por esse motivo a equipe pretende pedir a instauração de um inquérito policial contra os advogados dos empresários que assinaram a petição para averiguar possível crime de denunciação caluniosa. Em paralelo, pretende mover uma reclamação contra os profissionais nos conselhos de ética das seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, Paraíba e São Paulo.

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