Polícia prende 34 suspeitos de extermínio no Recife

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Por RAYMOND COLITT
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A polícia prendeu nesta terça-feira 34 pessoas, incluindo policiais, advogados e comerciantes, acusados de participar de esquadrões de extermínio que teriam matado centenas de pessoas em Recife. A capital pernambucana é uma das cidades mais violentas do país e tem a mais alta taxa de homicídios per capita do Brasil. "Eles se especializaram em exterminar pessoas, mas também se dedicaram a roubos e tráfico de drogas", disse Joaquim Neto, assessor da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, por telefone. As prisões na capital pernambucana coincidem com a visita nesta semana de relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para execuções extrajudiciais, Philip Alston, que além de Recife, também visita Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O relator tem encontros com autoridades do governo e grupos de direitos humanos para discutir acusações de execuções e tortura por forças de segurança e esquadrões de extermínio no país. Cerca de 380 policiais participaram da chamada Operação Canaã, no Recife, com 41 mandados de prisão e que apreendeu pistolas, fuzis e drogas. Entre os presos até o momento, estão três policiais militares e um policial civil, segundo a secretaria estadual. A polícia acusa dois grupos de matar 35 pessoas nos últimos cinco meses, mas Neto disse que é "bem provável" que eles tenham assassinado diversas centenas de vítimas antes desse período. Um dos grupos era liderado por um ex-policial militar. Ex-policias disseram à Reuters que agentes de segurança locais, que teriam salário de 1.200 reais, estariam no comando do crime organizando no Recife e seriam responsáveis por crimes como sequestros e roubo de bancos. Em abril, a Polícia Federal prendeu outro grupo em Pernambuco acusado de matar cerca de 200 pessoas para receber entre 1.000 e 5.000 reais por cada assassinato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou em agosto o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), com orçamento de 3,3 bilhões de dólares, para combater a criminalidade e melhorar a qualidade de vida dos policias. Mas grupos de defesa dos direitos humanos reclamam do crescimento da brutalidade policial no país, especialmente nas operações em favelas do Rio de Janeiro. Um órgão governamental de direitos humanos acusou no mês passado a polícia de ter executado duas pessoas durante operação no Complexo do Alemão que resultou na morte de 19 pessoas, em junho.

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