Localizada em uma das áreas mais atingidas pelas chuvas de terça-feira, a Favela Jardim Elba, em Sapopemba, zona leste da capital, já foi alvo de processo de remoção dos moradores, iniciado em 2007 pela Prefeitura, mas que nunca foi finalizado. Cerca de R$ 500 mil foram destinados como verba de apoio habitacional para as famílias deixarem a área, mas o local não chegou a ser desocupado. Na terça-feira, deslizamentos de terra no Jardim Elba causaram a morte do catador de papel Francisco Oliveira de Lima, de 45 anos, a destruição de 30 casas e a interdição de outras 125, todas em áreas de risco.Desde 2007, pelo menos cem famílias moradoras do local já receberam os chamados "cheques-despejo" de R$ 5 mil da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) para deixar a favela. Sem que a remoção tenha sido concluída, porém, os moradores continuam nas áreas de risco - segundo dizem, retornaram à favela mesmo após terem recebido o dinheiro porque perceberam que a remoção "não iria para frente". A remoção não foi concluída, segundo a Sehab, porque passou a fazer parte de um projeto maior de urbanização, que inclui todo o bairro Parque Santa Madalena, onde fica o Jardim Elba, com licitação prevista para 2010. Em toda a área do Parque Santa Madalena, 334 famílias receberam a verba de apoio desde 2004, segundo a Sehab. Também a partir de 2007, pelo menos duas favelas foram removidas na região do Parque Santa Madalena, mas, dois anos depois, os pontos já voltaram a ser ocupados. "Não foi feito nada nesses lugares, então reocuparam de novo mesmo", disse o líder comunitário Laurindo Delmiro Gonçalves. "A cada enchente aparecem com cheques-despejo e dizem que vão remover tudo. Como não fazem nada, os moradores voltam." As remoções foram malsucedidas, segundo técnicos da Sehab, por falta de investimento nos terrenos onde ficavam as favelas. No Jardim Elba, segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, há um "estudo de estabilização de encosta" relativo a obras que devem ser entregues em 2010.ATINGIDOSSegundo a Defesa Civil, 892 famílias foram atingidas pelas chuvas de terça-feira, principalmente na zona leste da capital; 413 casas foram interditadas e 267 pessoas estão em abrigos.