A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, pediu à comunidade internacional que critique a dominação da China sobre o Tibete. Depois de encontro com o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, nesta sexta-feira, ela disse: "Se as pessoas amantes da liberdade em todo o mundo não denunciarem (a atuação da) China e os chineses no Tibete, nós teremos perdido toda a autoridade moral apra falar sobre direitos humanos". Pelosi, que ocupa o segundo cargo na linha de sucessão presidencial nso Estados Unidos, ficando atrás do vice-presidente, deu a declaração perante uma multidão de milhares de exilados tibetanos em Dharamsala, na Índia, onde o Dalai Lama vive exilado. A visita já estava programada antes dos protestos contra o domínio chinês, que tomaram conta do Tibete e de regiões vizinhas na China desde o último dia 10. O governo chinês acusa o Dalai Lama de incitar os protestos. O líder espiritual tibetano nega as acusações e pede que a China retome o diálogo. Na quinta-feira, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, telefonou a seu colega chinês, Yang Jiechi, e pediu moderação a seu governo. No entanto, Yang afirmou que os manifestantes estão tentando sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim e a estabilidade social da China. Ele reafirmou a posição da China de acusar o Dalai Lama - que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1989 por sua oposição ao uso de violência na busca pela autonomia do Tibete - de incitar a violência. Segurança reforçada A China reforçou a segurança no Tibete e nas demais províncias em que têm sido registrados protestos. Na quinta-feira, o governo chinês reconheceu pela primeira vez que os protestos se espalharam para fora do Tibete. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, desde a manhã de sábado várias áreas das províncias de Sichuan e Gansu têm enfrentado distúrbios. Apesar de as autoridades chinesas terem bloqueado o acesso de jornalistas às áreas afetadas pelos protestos, o correspondente da BBC James Reynolds conseguiu passar 24 horas na cidade de Hezuo, em Gansu, onde no início da semana manifestantes tibetanos rasgaram a bandeira chinesa. Segundo Reynolds, as forças de segurança chinesas isolaram a cidade e as ruas estão tomadas por viaturas policiais, caminhões militares e postos de controle. Na entrada sul da cidade, Reynolds disse ter visto fileiras de soldados armados com fuzis AK-47. A polícia deu um prazo até a meia-noite do dia 25 para que os manifestantes se entreguem. Caso contrário, serão presos e punidos, segundo as autoridades chinesas. Também na quinta-feira a China admitiu pela primeira vez ter atirado contra manifestantes. "A polícia chinesa afirmou ter atirado "em legítima defesa" contra manifestantes em Aba, na província de Sichuan", o mesmo local onde ativistas tibetanos disseram que oito pessoas foram mortas durante protestos perto do mosteiro de Kirti. De acordo com o governo chinês, 13 pessoas morreram durante os protestos, todos inocentes que teriam sido mortos por "baderneiros" em Llasa. No entanto, segundo tibetanos no exílio, pelo menos 99 pessoas morreram até agora nos confrontos com as forças de segurança chinesas, entre eles 80 em Lhasa, a capital do Tibete. No início da semana, o Centro Tibetano para Direitos Humanos e Democracia divulgou fotos de corpos com ferimentos a bala e disse que haviam sido causados por tiros disparados pela polícia contra os manifestantes. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.