TIMBUCTU - O presidente do Mali ofereceu um diálogo aos rebeldes tuaregues nesta quinta-feira, 31, em uma tentativa de reconciliação nacional, depois que uma ofensiva liderada pelos franceses empurrou seus ex-aliados islamistas para esconderijos nas montanhas. Uma ofensiva terrestre e aérea de três semanas desalojou os combatentes ligados a Al-Qaeda das principais cidades no norte do Mali, terminando a primeira fase de uma operação feita para evitar que os islamistas usassem a vasta região desértica como base de lançamento de ataques na Europa. A França agora deve transferir gradualmente a missão militar para uma força africana autorizada pela ONU de cerca de 8 mil soldados, cuja missão é garantir a segurança das cidades no norte e perseguir os militantes em seus redutos nas montanhas perto da porosa fronteira argelina. Os ataques aéreos franceses destruíram os campos de treinamento e as bases logísticas dos islamistas, mas Paris diz que uma solução de longo prazo depende de um acordo político entre a comunidade tuaregue no norte do Mali e a distante capital Bamako. Os rebeldes tuaregues MNLA, pró-autonomia, cuja rebelião no ano passado foi apoderada pelos islamistas melhor armados e financiados, já retomaram o controle de seu remoto bastião de Kidal no norte, depois que os combatentes ligados à Al-Qaeda fugiram dos bombardeios franceses até o maciço montanhoso de Adrar des Ifoghas. Tropas francesas, que ocuparam o aeroporto de Kidal na terça-feira, não entraram na cidade e as forças malinesas estavam estacionadas bem mais ao sul, nas cidades liberadas de Gao e Timbuctu. Sob pressão de Paris, o presidente interino do Mali, Dioncounda Traore, disse que estava pronto para abrir negociações com o MNLA se ele honrasse uma promessa de abandonar suas reivindicações de independência para o norte do Mali. "Hoje, o único grupo com quem pensaríamos em negociar é certamente o MNLA. Mas, é claro, sob a condição de que o MNLA abandone qualquer pretensão a uma reivindicação territorial", disse Traore à rádio francesa RFI, descartando negociações com qualquer grupo islâmico. Os líderes do MNLA se ofereceram para se juntar na luta contra os islamistas em meio a temores de que o Exército malinês lançasse represálias contra os tuaregues nas cidades recapturadas. Muitos malineses culpam a rebelião tuaregue do ano passado, que fez com que oficiais frustrados do Exército derrubassem o governo em Bamako, pela crise atual. Traore, instalado no posto depois do golpe militar em março, pediu eleições nacionais para 31 de julho a fim de completar uma transição política.
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