Se tivesse vendido as 200 toneladas de milho que colheu em 2007 e reservou para alimentar o plantel suíno da fazenda da Associação Anália Franco, em Itapetininga (SP), o gerente de Produção Fernando Chavarelli Galvão teria mais lucro com o grão do que com a venda dos animais para abate. "Reservamos tudo para ração." A granja recria e engorda 5 mil suínos por ano e, de certa forma, o agrônomo Galvão está rindo à toa. Enquanto outros criadores são obrigados a desembolsar até R$ 32 pela saca de 60 quilos do grão, ele ainda tem estoque para tratar o plantel até abril, quando entra o milho novo. Arroba em alta Além disso, o preço da arroba suína atingiu R$ 60 e reduziu o déficit na relação com o custo da comida. O criador trabalha com a seguinte equação: 1 arroba suína deve comprar dois sacos de milho. Com o milho a R$ 32 e a arroba suína a R$ 60, há até um equilíbrio. O problema é que, durante 2007, o preço do milho esteve sempre na dianteira. "Em janeiro, o milho estava na faixa de R$ 20 e o suíno a apenas R$ 32. Em maio, o grão continuou com preço alto e o preço da arroba caiu para R$ 29", conta. A reação começou em novembro, quando o suíno foi vendido por R$ 46 a arroba, com o milho na casa dos R$ 30. Só milho Criadores tradicionais, como Alcides Pavan, da Granja Roseira, em Pereiras (SP), não trocam o milho por nada. O grupo Roseira produz frangos de corte e suínos em regime de integração com criadores da região, além de bovinos. Ele já usou sorgo, farelo de trigo e outros insumos, mas nenhum está à altura do milho, garante. Sem produção própria, ele recorre ao mercado para abastecer as granjas. Com a reação nos preços dos frangos e da carne suína, as contas estão equilibradas. De 15 de novembro a 15 de dezembro, o preço do suíno subiu 13,38%, e o do frango, 3,88%. Pavan conta que, em 2006, comprou milho por R$ 10 a saca. No mês passado, pagou R$ 34. "Ideal, porém, é um preço que remunere tanto o produtor quanto o criador."
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