Professores criticam prêmio da USP que vai dar iPad e laptop

Novo prêmio aprovado na semana passada vai contemplar docentes bem avaliados; Adusp é contrária à iniciativa

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Por Paulo Saldaña
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Professores da Universidade de São Paulo (USP) criticaram o projeto da Pró-Reitoria de Graduação que premiará os melhores professores com notebooks e iPads. Como o Estado revelou, docentes com mais pontos em critérios estabelecidos pela instituição receberão os prêmios, que também incluem viagens.A associação dos docentes da universidade (Adusp) se diz contra a premiação. "Achamos que há outros mecanismos para avaliar o desempenho do docente, sem um prêmio", diz a presidente da Adusp, Heloisa Borsari. "E não dá para pensar em uma política como essa vivendo a realidade da USP, com salas lotadas, falta de professores e sem equipamentos básicos para as aulas." O professor Luiz Renato Martins, da Escola de Comunicação e Artes (ECA), concorda que a melhora nas condições de trabalho deveria vir antes de prêmios. "Dar computador, Ipad, parece coisa de programa de auditório, é até caricato. Professores precisam de mais bolsas e verbas." Ele também critica distinções a pessoas e não a trabalhos pontuais.A pró-reitora de Graduação, Telma Zorn, esperava que o prêmio desagradasse alguns professores, mas diz que o mais importante é a valorização da graduação. Professora da Escola Politécnica (Poli-USP), Roseli de Deus Lopes diz ter o mesmo raciocínio. "O importante é o que a universidade sinaliza. Porque os parâmetros de avaliação das instituições estão muito focados na pesquisa, não se valoriza o trabalho na graduação." A premiação foi aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Graduação. A ideia é que já se inicie neste ano. Também em 2012 a USP espera aumentar seu corpo docente. O governo paulista encaminhou à Assembleia Legislativa projeto de lei para a criação de 700 novos cargos de professores e autorização para a contratação de outros 1.955, necessários para os que devem se aposentar. A USP considera preocupante a aposentadoria desses professores, obrigatória aos 70 anos. Novas contratações precisam ser autorizadas por lei. De acordo com a USP, elas não devem ocorrer de uma só vez.

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