O setor de equipamentos médicos e odontológicos está unindo forças para ampliar suas exportações. Um projeto iniciado na semana passada pretende mostrar o caminho do mercado internacional às micro e pequenas empresas do Estado, que concentra 75% dos fabricantes do setor. O programa vai orientar empresários sobre linhas de financiamento e adequação técnica de produtos, além de promover encontros com companhias de comércio exterior (tradings).Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), 47% das empresas do setor exportam. No ano passado, as vendas externas subiram 9,9% em relação a 2007. "Queremos incentivar e preparar as empresas que ainda estão de fora desse mercado", diz Hely Maestrello, diretor executivo da Abimo, que apoia o projeto, ao lado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Sebrae e associações comerciais.Na semana passada, Ribeirão Preto (SP) recebeu o primeiro encontro do programa, que seguirá para outras cidades do Estado nos próximos meses. O empresário Paulo Sérgio Gomes, da fabricante de aparelhos de raio X odontológicos Procion, que tem planos de vender seus produtos na Ásia, foi ao evento para conhecer as exigências desse mercado. "Já descobri alguns órgãos e pessoas que poderão me auxiliar com representação lá fora", diz. A empresa já vende para alguns países da América Latina e África, mas quer expandir sua atuação internacional. Uma segunda fase do projeto setorial será realizada em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que faz análise e registro dos equipamentos antes de irem ao mercado. Os pequenos empresários receberão informações sobre adequações técnicas, design e embalagem para seus produtos.Segundo Maestrello, os equipamentos médicos e hospitalares nacionais despontaram no exterior nos últimos sete anos. Em 2002, as exportações do setor somaram US$ 157 milhões. No ano passado, saltaram para US$ 581 milhões. "O produto brasileiro é uma alternativa no mercado, por ter preços acessíveis e qualidade garantida por certificações." Os principais compradores dos equipamentos brasileiros são Estados Unidos, Alemanha e Japão. Um programa da Apex também ajudou a alavancar o setor. Entre os projetos da agência está o subsídio para pagamento de estandes em feiras internacionais. A fabricante de utensílios cirúrgicos e odontológicos Erwin Guth, da capital paulista, foi uma das beneficiadas. "O custo de participação nessas feiras acaba sendo alto para empresas menores", diz Karin Guth, diretora da Erwin. Em cinco anos, a companhia dobrou o número de países para os quais exporta. Hoje, são 44. As vendas internacionais passaram a representar 20% do faturamento, o dobro do que eram em 2003.A experiência no exterior também fomenta as vendas domésticas, acredita o dirigente da Abimo. "O empresário que vai ao exterior encontra outro patamar de concorrência, o que estimula o investimento e inovação", acredita.
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