Projeto mais rigoroso sobre barragens é reapresentado na Assembleia de Minas
É terceira tentativa de colocá-lo em votação. Um dos seus pontos-chave é o veto a construção de barragens até 10 km acima de onde haja populações vivendo
BELO HORIZONTE - Depois de ser vetado na Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas, o projeto de lei de iniciativa popular Mar de Lama Nunca Mais, que torna mais rigoroso o controle sobre barragens de rejeito no Estado, terá mais uma chance de ser avaliado na casa.
O texto, elaborado logo após o desastre de Mariana, de novembro de 2015, sob liderança do Ministério Público e participação de especialistas e sociedade civil, contou com mais de 56 mil assinaturas da população. Ele foi reapresentado pelo deputado João Vítor Xavier (PSDB) como substitutivo de um outro projeto que está em tramitação na casa.
Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
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Tragédia em Minas Gerais
A Agência Nacional de Mineração (ANM) declarou que a mineradora Vale vistoriou, em dezembro de 2018, estrutura da barragem de Brumadinho sem ter apont... Foto: Washington Alves/ReutersMais
Moradores
É comum ver imagens de moradores de Brumadinho olhando para o horizonte em silêncio Foto: Mauro Pimentel/AFP
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiro recolhe gaiolas no meio do mar de lama da catástrofe de Brumadinho. Foto: Adriano Machado/Reuters
Animais
Equipes de resgate voluntáriastentaramsalvar a vaca que esta atolada na lama de rejeitos de ferro. O animal teve que ser sacrificado. Foto: Wilton Junior/Estadão
Dificuldade no resgate
Bombeiros têm dificuldade de acessar algumas áreas para fazer o resgate dos sobreviventes Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Uma barragem de rejeito se rompeu em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Lama destruiu estrada em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
A tragédia aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
As barragens pertencem à mineradora brasileira Vale. Foto: Washington Alves/Reuters
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiros tentam, sem sucesso, resgatar uma vaca atolada após rompimento de barragem. Foto: Adriano Machado/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da região, a estrutura que se rompeu foi construída em 1976. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
A prefeitura de Brumadinho pediu que a população mantenha distância do leito do Rio Paraopeba, que é um afluente do São Francisco. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que não ... Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas GeraisMais
Tragédia em Minas Gerais
Segundo a Vale, a área administrativa, onde estavam os funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Os bombeiros enviaram equipes com policiais civis e militares, além de enfermeiros e medicamentos. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Kombi foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Casa foi destruída e foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
O governo federal montou um gabinete de crise em Brumadinho. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
No município de Brumadinho vivem cerca de 40 mil pessoas. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O rompimento das barragens da Vale aconteceu na tarde de 25 de janeiro de 2019. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, sobre a tragédia em Brumadinho. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Presidente Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro observa destruição causada após rompimento de barragem da Vale em sobrevoo a Brumadinho Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Tragédia em Minas Gerais
Voluntários trazem doações para as vítimas da tragédia em Brumadinho. Foto: Paulo Fonseca/EFE
Tragédia em Minas Gerais
Bombeiros retomaram os trabalhos na manhã deste sábado, 26. Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Batalha pela Vida
Bombeiros voltam enlameados após resgate em uma das áreas atingidas pelorompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, em Minas Gerais. Foto: Wilto...Mais
Estrada
Moradores observam trabalho dos bombeiros em estrada bloqueada pela lama em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Carro atolado
Um carro ficou atolado e destruído no meio da lama após o rompimento de barragem em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Helicoptero
Um helicóptero sobrevoa a cidade de Brumadinho, buscando vítimas após o rompimento da barragem Foto: Wilton Junior/Estadão
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho após rompimento de barragem Foto: Washington Alves/Reuters
Corpo encontrado
Bombeiros carregam o corpo de uma das vítimas do rompimeto da barragem em Brumadinho até posto montado em frente da Igreja de Nossa Senhora das Dores Foto: Wilton Júnior/Estadão
Ponte
Ponte arrastada pela lama nas proximidades da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerta/EFE
Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão,de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
Equipe de resgate
Grupo de resgate caminha sobre a lama em busca de vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerda/EFE
Resgate aéreo
Equipe de resgate usa helicóptero para procurar vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
Essa manobra já tinha sido tentada no ano passado e foi barrada. Agora Xavier protocolou o documento na Comissão de Administração Pública. É terceira tentativa de colocá-lo em votação. Na primeira, quando foi apresentado em 2016, acabou sendo incluído como um apensado de um outro projeto (PL 3676) elaborado pela Comissão Extraordinária de Barragens e, na prática, deixou de ser considerado nas discussões. A expectativa é que a tragédia de Brumadinho, que já conta 157 mortos e ainda tem 182 desaparecidos, exerça uma pressão extra para que o projeto seja reavaliado.
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O "Mar de Lama Nunca Mais" foi defendido nesta quinta-feira, 7, por um grupo de promotores, pelo Ibama, pela sociedade civil, além do próprio deputado, que afirmaram que este é um projeto de consenso que pode ajudar a evitar que novos desastres aconteçam. Um dos seus pontos-chave é o veto a construção de barragens até 10 km acima de onde haja populações vivendo na chamada “zona de autossalvamento” – para onde a lama corre no caso de um rompimento. É exatamente o caso das barragens do Córrego do Feijão, em Brumadinho, e do Fundão, em Mariana.
O texto também estabelece que as mineradores sempre optem pelas alternativas tecnológicas mais seguras e modernas – em vez das mais baratas. E torna mais rígido o processo de licenciamento ambiental e de fiscalização.
A promotora de Justiça Andressa Lanchotti, que lidera a força-tarefa dos órgão das Justiça criada em torno do desastre de Brumadinho, afirma que o PL 3676 hoje em tramitação não contempla essas regras. “Ele não traz nada sobre a presença de pessoas na zona de autossalvamento e todos vimos, nos vídeos que mostram o momento do rompimento da barragem, que é tudo muito rápido. É possível alguém se salvar daquilo? Acreditamos que não.”
Os defensores do projeto acreditam que ele poderia servir como um marco regulatório efetivo e que poderia servir para inspirar uma legislação nacional. “É uma oportunidade de dar uma resposta rápida para a sociedade”, afirma Xavier.
A ambientalista Maria Tereza Corujo, a Teca, lembra que o governo do Estado chegou a publicar umedecerão vedando novos licenciamentos para barragens a montante, mas abriu a possibilidade de dar continuidade para aqueles que já estivessem em processo. “Temos muitos projetos nessa situação e não sabemos quantos deles tem gente morando na zona de autossalvamento. O nosso projeto nesse momento é vital.”
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Se o texto conseguir ser aprovado na Comissão de Administração Pública, poderia ir diretamente a plenário.