Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira em Sucre, na Bolívia, em confrontos entre universitários opositores do governo do presidente Evo Morales e a polícia, segundo informações da TV local ATB. Os confrontos ocorreram no primeiro dia depois de o governo ter transferido as sessões da Assembléia Constituinte que tem o objetivo de reescrever a Constituição boliviana para um colégio militar nos arredores da cidade, na tentativa de garantir que os debates sejam realizados em segurança. Os manifestantes levantaram barricadas no centro da cidade e enfrentaram a polícia com pedras. Os policiais responderam com bombas de gás lacrimogêneo. À noite, centenas de universitários deixaram a cidade rumo à escola militar onde a Assembléia Constituinte foi instalada. Antes das manifestações, a população de Sucre declarou uma mobilização permanente contra as mudanças na Constituição propostas pelo governo e iniciou uma coleta de assinaturas para convocar um referendo que decidiria que cidade deve ser a capital do país. A discussão em torno da capital boliviana tem sido motivo de protestos há meses. Sucre, capital constitucional da Bolívia, é sede apenas do Poder Judiciário. Em 1899, deois de uma breve guerra civil, a cidade deixou de abrigar os poderes Executivo e Legislativo, que passaram para La Paz. Agora, no entanto, Sucre pretende recuperar o Executivo e o Legislativo e incluiu essa demanda na Assembléia Constituinte. A cidade tem o apoio de parlamentares constituintes de oposição. Os defensores da mudança argumentam que a cidade, no centro do país, tem uma localização melhor do que La Paz, localizada no oeste da Bolívia. Os moradores de La Paz, porém, dizem que mudar a capital para Sucre seria caro e alimentaria a divisão no país. La Paz é a maior cidade boliviana, com 1,6 milhão de habitantes. Sucre tem 270 mil moradores. A primeira sessão da Assembléia Constituinte na nova sede foi realizada sob um forte esquema de segurança. O prédio foi cercado por soldados e policiais. Depois meses de interrupção dos trabalhos, o Movimento ao Socialismo (MAS), partido do presidente Morales, começou nesta sexta-feira uma corrida para conseguir aprovar as reformas até o prazo final, no dia 14 de dezembro. As regras dos debates foram modificadas para dar mais agilidade ao processo, e as sessões serão realizadas também em finais de semana e feriados. A pressa é tanta que foram levados até colchões e comida para a nova sede, onde os membros da assembléia deverão passar algumas noites. Dos 225 integrantes da assembléia, 145 participaram da sessão desta sexta-feira, a maioria do MAS. A oposição não compareceu, mas admitiu que o partido governista tem maioria suficiente para aprovar a nova Carta Magna. Quando lançou a Assembléia Constituinte, Morales disse que seu objetivo era fundar novamente a Bolívia. Mas os protestos realizados por seus seguidores e opositores levaram à interrupção dos trabalhos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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