Em reunião no comitê do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, dirigentes do PT, PC do B, PSB e PMDB decidiram partir para a ofensiva contra o que chamaram de "tentativa golpista" da oposição. O coordenador-geral da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que governadores e parlamentares dos quatro partidos foram orientados a reagir à estratégia do PSDB, PFL e PPS de "criar factóides" para "desrespeitar a vontade popular de reeleger o presidente." A decisão do comitê da reeleição é a de aplicar "vacinas" contra "factóides", ocupando espaços para defender Lula. "Não faremos nenhum grande ato, mas estamos pedindo aos militantes que saiam às ruas, ocupem os espaços públicos e aproveitem o clima de debate", afirmou o presidente em exercício do PSB, Roberto Amaral. "Estamos preocupados, porque o desespero é péssimo conselheiro da política, e nossos adversários querem criar um clima de insegurança, um terceiro turno da eleição." O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), contou que a mobilização dos deputados é permanente. "Estamos atentos para qualquer tipo de manobra da oposição", afirmou. Deputados petistas estarão se revezando no plenário para ocupar o espaço na TV Câmara criticando a oposição e defendendo Lula. "Temos 13 dias para definir o futuro do País democraticamente pelo voto. Todas as notícias apontam para o crescimento do candidato Lula e, por isso, a oposição partiu para a desestabilização ajudada por uma revista", disse Fontana. Os aliados de Lula condenaram a decisão da oposição de solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. No entender de tucanos e pefelistas, Thomaz Bastos precisa explicar denúncias de que a Polícia Federal estaria agindo politicamente com o objetivo de abafar o escândalo envolvendo a tentativa de compra, por parte de petistas, de um dossiê contra candidatos do PSDB. Justiça Garcia informou aos deputados que o partido vai entrar na Justiça contra a revista Veja para que ela corrija a reportagem que publicou, na qual revela que estaria em execução, com a participação do ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, uma operação-abafa para evitar que o escândalo da tentativa de compra de dossiê contra tucanos atinja Lula. "É em cima do noticiário da Veja que a oposição, de forma eu diria muito excitada, acha que vai envolver o Poder Judiciário numa manobra que traduz o sentimento da oposição que é de derrota nesse momento e de não aceitar o jogo democrático", afirmou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), após a reunião. Uma das ações decididas será uma visita, provavelmente nesta quarta-feira, dos líderes da base aliada ao TSE em resposta à visita feita por presidentes de partidos da oposição. Segundo Chinaglia, a ida ao TSE será para dizer que o partido respeita as instituições e para evitar que a oposição transforme a disputa eleitoral em três turnos, em uma referência a ações judiciais. Na avaliação dos participantes da reunião, a oposição está "sob o impacto da derrota" com o crescimento da candidatura de Lula registrado nas pesquisas. "A oposição não tem propostas e fica com chicanas", afirmou Chinaglia. Além de Garcia e Amaral, participaram da reunião o presidente do PC do B, Renato Rabelo, e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), este representando a ala do partido que apóia Lula. Em viagem, o presidente do PRB, Victor Paulo, manifestou apoio, por telefone, à estratégia dos aliados. O PRB é o partido do vice-presidente, José Alencar. Bingos Garcia disse que o governo Lula "não tem vinculação" com os bingos e só não fechou as casas de jogos de azar porque o Congresso derrubou a proposta. O coordenador fez o comentário logo após ser questionado sobre a afirmação do deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da CPI dos Sanguessugas, de que o dinheiro (R$ 1,75 milhão) para pagar o dossiê que petistas usariam contra tucanos tem "origem criminosa". "Seria bom que ele (Biscaia) explicitasse a fonte do dinheiro", afirmou o coordenador da campanha de Lula. "Se eu tivesse o acesso que ele tem às informações, estaria mais seguro em desvendar esse imbróglio." Indagado se as declarações de Biscaia causavam constrangimento, pelo fato de o deputado ser do PT, Garcia respondeu que não. "Ele sempre foi um deputado ativo na condição de integrante da CPI", observou, diante das câmeras de TV. Nos bastidores, porém, a cúpula da campanha de Lula considerou que Biscaia "jogou para a platéia" por não ter apresentado provas de suas afirmações. Garcia procurou ainda minimizar a decisão do PDT de permanecer neutro na disputa, não declarando apoio nem a Lula nem ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. "A neutralidade frustrou muito mais os nossos adversários do que nós", disse, alegando estar confiante no apoio de vários líderes do partido nos Estados.