Uma queda acentuada nos casos de Ebola na Libéria dificultará a comprovação se o teste com vacina experimental em grande escala prestes a ser iniciado no país realmente funcionará, disse o diretor do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) neste sábado. O NIH pode ter de mudar alguns testes para o país vizinho Serra Leoa, enquanto reguladores podem acabar aprovando as doses contra o Ebola baseados em dados de eficácia obtidos nos testes em animais, apoiados por uma evidência limitada em humanos, disse Francis Collins à Reuters. A Libéria, que já foi o epicentro da epidemia de Ebola no oeste da África, conta apenas com cinco casos remanescentes confirmados da doença, afirmou um experiente funcionário da área de saúde. A grande diminuição dos casos é claramente uma boa notícia, mas representa um problema para os cientistas do NIH, da GlaxoSmithKline e da Merck, que querem inscrever 27 mil pessoas sob risco de infecção na fundamental 3ª Fase dos estudos liberianos. "Vai ser um experimento difícil", afirmou Collins à margem do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. "É possível que tenhamos de mudar alguns testes para Serra Leoa, que infelizmente não está em tão boa situação quanto a Libéria." O grande teste liberiano, o primeiro de muitos planejados para o oeste da África, pretende inscrever pessoas em risco como profissionais de saúde, familiares e encarregados dos sepultamentos. Serão testados uma vacina da GSK, outra da rival Merck e NewLink, e um placebo. "Pode ser difícil, em um dado momento, encontrar 27 mil pessoas em risco", disse Collins. “Será um desafio.” No entanto, vacinas ainda podem ser submetidas a reguladores utilizando os dados de eficácia em experimentos com primatas não humanos, além de prova de segurança e resposta do sistema imunológico em humanos. “Este é o padrão e a FDA (agência federal norte-americana responsável pelo setor de remédios e alimentos) tem essa via especial disponível. Se não for possível conseguir os rigorosos dados humanos, ainda é possível aprovar uma vacina”, afirmou Collins. Especialistas de saúde reunidos em Davos nesta semana destacaram a necessidade de manter a luta contra o Ebola até que se atinja zero casos no oeste da África, onde mais de 8.600 pessoas morreram por causa da doença. Jeremy Farrar, diretor da Wellcome Trust, entidade de caridade de saúde do Reino Unido, disse que vacinas e remédios ainda eram necessários para a atual epidemia e para lutar contra as futuras. A Johnson & Jonhson, em parceria com a Bavarian Nordic, também tem uma vacina para o Ebola em estágio inicial de testes.