Uma cerimônia com a presença de autoridades, vítimas e familiares marcou em Nairóbi, nesta terça-feira, o 10.º aniversário dos primeiros grandes atentados da Al-Qaeda contra os Estados Unidos, no Quênia e na Tanzânia. Ao todo, 229 pessoas morreram - 218 no Quênia - e 5 mil ficaram feridos nos ataques simultâneos contra as embaixadas americanas em Nairóbi e Dar-es- Salaam. Na cerimônia em Nairóbi, no local do atentado que hoje é coberto por um jardim memorial, o primeiro ministro, Raila Odinga, descreveu o ataque como o fim da inocência no Quênia. Com os atentados, Estados Unidos e Quênia fortaleceram a aliança na chamada luta contra o terror, mas, dez anos depois, apenas quatro dos nove suspeitos pelos ataques foram presos, e o suposto líder da organização permanece solto. Em fevereiro de 1998, Osama bin Laden declarou uma revolta (jihad) contra o que chamou de judeus e cruzados. Na ocasião dos atentados, em 7 de agosto do mesmo ano, o FBI prontamente estabeleceu a ligação com a Al-Qaeda e a ameaça de Bin Laden passou a ser vista com mais seriedade. No atentado, um extremista suicida lançou uma granada contra a guarita de segurança do lado de fora da embaixada em Nairóbi, por volta de 10h30, hora local, para em seguida lançar seu carro contra as barricadas em volta do prédio. O carro explodiu pouco depois, danificando seriamente o prédio da embaixada e derrubando um edifício de sete andares nos arredores, causando a morte de 218 pessoas e deixando cerca de 5 mil feridos. Um ataque simultâneo contra a embaixada americana em Dar-es-Salaam causou a morte de outras 11 pessoas e deixou 72 feridos. A reação imediata do governo do então presidente Bill Clinton foi bombardear campos de treinamento praticamente vazios no Afeganistão e uma fábrica de medicamentos no Sudão que havia sido erroneamente relacionada a bin Laden. Nos anos seguintes, ex-agentes do serviço de inteligência americano acusaram Clinton e sua equipe de negligência, principlamente por conta de ações abortadas contra bin Laden e seus seguidores, por medo de danos colaterais e preocupação com a reação internacional. Mas, integrantes do governo Clinton alegam que a inteligência sobre a Al-Qaeda era fraca, o Pentágono estava relutante e o clima político era bem diferente do pós 11 de setembro. Desde os atentados, EUA e Quênia têm cooperado na caça a suspeitos de terrorismo, mas no domingo passado, a polícia queniana estava prestes a capturar o principal suspeito de planejar o atentado, Faisal Mohammed, mas deixou-o escapar, levantando dúvidas se o governo está fazendo o suficiente para proteger os cidadãos. A numerosa comunidade muçulmana do Quênia também alega que a "guerra ao terror" está sendo usada para vitimar muçulmanos. Pelo menos 17 cidadãos muçulmanos do Quênia estão presos na Etiópia, suspeitos de envolvimento com terrorismo. Os sobreviventes e familiares das vítimas pediram compensação aos governos do Quênia e dos Estados Unidos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.