O presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, falou pela primeira vez na quarta-feira sobre a tentativa de assassinato que sofreu em fevereiro, na qual ficou gravemente ferido. Ele pediu paz para o Timor Leste. "Lembro de cada detalhe do momento em que fui baleado", disse Ramos-Horta, bastante magro e com a barba por fazer, aos médicos do Royal Darwin Hospital, na Austrália, onde ele passou por várias cirurgias depois do ataque de rebeldes em Dili. "Eu me lembro de tudo, da ambulância, uma ambulância muito velha e batida. Sem paramédicos. Um grupo especial de policiais portugueses. Felizmente, esse grupo tinha um paramédico que entrou na ambulância e me deu os primeiros socorros", disse ele em visita ao hospital para agradecer aos médicos que cuidaram dele. "No caminho para o heliporto de Dili, eu caí do assento algumas vezes porque não havia cintos de segurança. Lembro que, mesmo sangrando, eu me segurava forte", disse ele. "E eu dizia ao motorista para ir devagar. Mas talvez ele tivesse razão porque, em questão de minutos, chegamos lá (ao centro médico militar)." Soldados rebeldes armaram uma emboscada para Ramos-Horta durante uma caminhada na manhã de 11 de fevereiro. O primeiro-ministro Xanana Gusmão também sofreu um ataque, mas escapou ileso. Ramos-Horta levou vários tiros no ataque em que o líder rebelde Alfredo Reinado foi morto. Os rebeldes acusados de envolvimento no ataque escaparam de um cerco das forças de segurança na semana passada. Ramos-Horta, que se recupera em Darwin, Austrália, disse que voltará para o Timor Leste em algumas semanas e pediu paz para seu país. "Ficarei aqui por mais alguma semanas porque preciso de tratamento adicional para uma recuperação rápida", disse ele. "Minha mensagem para as pessoas é: por favor, parem com a violência e criem aversão às armas, facas, incêndios --nós só destruímos a nós mesmos e ao país". (Reportagem de Michael Perry) REUTERS MR ES