Rebeldes sírios recebem armas do exterior, diz fonte

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Por LIN NOUEIHED E JOHN IRISH
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As potências estrangeiras estão fazendo vista grossa às compras armamentistas feitas por exilados sírios, que já estão contrabandeando armas leves, equipamentos de comunicação e óculos de visão noturna para dentro da Síria, disse uma fonte da oposição do país na sexta-feira. Os partidários da oposição síria também estão tentando levar armas antiaéreas e antitanque para os rebeldes do Exército Sírio Livre, e infiltrar oficiais sírios da reserva para ajudarem a coordenar a luta contra as forças do presidente Bashar al-Assad. A fonte falou durante uma reunião de países árabes e ocidentais, entre outros, que discute a situação na Síria e formas de ajudar os civis do país, onde Assad há 11 meses reprime com violência uma rebelião popular contra seu regime. "Estamos trazendo armas defensivas e ofensivas... Elas vêm de todos os lugares, inclusive países ocidentais, e não é difícil passar as coisas pelas fronteiras", disse a fonte à Reuters, pedindo anonimato. "Não há uma decisão de qualquer país quanto a armar os rebeldes, mas os países estão permitindo que os sírios comprem armas e as enviem para o país", acrescentou. Durante o encontro inaugural dos "Amigos da Síria", que reuniu mais de 50 países em Túnis, o chanceler do Catar, xeque Hamad bin Jassim al Thani, defendeu a criação de uma força árabe para impor a paz e abrir corredores humanitários na Síria. As potências árabes e ocidentais estão divididas sobre se devem armar os rebeldes da Síria, com algumas autoridades temendo que tal medida apenas piore a violência e afete os países vizinhos, com governos diferentes apoiando grupos diferentes da oposição a Assad. O vice-presidente da Liga Árabe, Ahmed Bem Helli, disse à Reuters na véspera do encontro na quinta-feira que armar a oposição poderia levar à guerra civil. "Acho que isso vai complicar ainda mais as questões. Militarizar a oposição e os protestos vai criar uma situação complicada que poderia levar à guerra civil e isso não é o desejado", disse ele em Túnis. MAIS MORTOS Em Homs, disparos feitos pelas forças do governo mataram mais cinco pessoas no bairro de Baba Amro, segundo ativistas. A ofensiva do governo contra bairros dominados pela oposição entrou na quarta semana. "Baba Amro está sendo alvejada com artilharia de 122 milímetros a partir de aldeias ao redor. Um pai e seu filho de 14 anos estão entre os mortos. Eles estavam tentando fugir do bombardeio quando estilhaços os atingiram na rua", disse o ativista Mohammad al Homsi. Na província de Hama (oeste), ativistas disseram que as forças de segurança enfileiraram e mataram pelo menos 18 pessoas em uma aldeia. Um vídeo divulgado por ativistas na Internet mostrou as pessoas enrolando os corpos ensaguentados de crianças e de pelo menos quatro adultos. Vários tinham recebido disparos na cabeça. A ONU diz que mais de 5.000 pessoas já morreram na repressão aos protestos na Síria, e o veto da Rússia e da China a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando o comportamento de Assad deixa a comunidade internacional com poucas opções. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que está tentando negociar um cessar-fogo diário para permitir a ajuda humanitária. Segundo eles, Crescente Vermelho sírio-árabe começou nesta sexta-feira a retirar mulheres feridas ou doentes e crianças do bairro de Baba Amro, em Homs. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou o envio à Síria de seu antecessor no cargo, Kofi Annan, na qualidade de enviado conjunto da ONU e da Liga Árabe. (Reportagem adicional de Dominic Evans em Beirute, Khaled Oweis em Amã, Lou Charbonneau na ONU, Arshad Mohammed e Myra MacDonald em Londres)