Rebeldes tomaram o controle do complexo de Muammar Gaddafi em Trípoli nesta terça-feira após uma dura batalha com uma força de retaguarda, mas não havia qualquer notícia sobre o paradeiro do líder líbio, que prometeu mais uma vez lutar "até o fim." Jornalistas da Reuters observaram combatentes rebeldes entrando no complexo de Bab al-Aziziya, atirando para o ar em comemoração, depois de horas de combates intensos. Não estava claro se o "irmão líder" ou seus filhos ainda estavam em algum ponto do complexo de prédios e bunkers. Os tiros da defensiva cessaram e centenas de rebeldes radiantes entravam no complexo. Alguns destruíram uma estátua de Gaddafi. Outros percorriam dezenas de prédios, apreendendo armas e veículos. O enviado dos rebeldes à Organização das Nações Unidas (ONU) disse que a área estava "totalmente nas mãos dos revolucionários". Um homem gritou: "Acabou. Gaddafi acabou". O chefe da Federação Mundial de Xadrez, que visitou Gaddafi em Trípoli em junho, disse ter recebido um telefonema dele na tarde desta terça-feira, no qual o líbio disse que ainda estava na capital. Ele "está em Trípoli, vivo e saudável e está preparado para lutar até o fim", disse o russo Kirsan Ilyumzhinov à Reuters. O enviado dos rebeldes em Roma, Hafed Gaddur, afirmou: "Parece claro que ele está confinado no seu complexo de bunkers". "Achávamos que Trípoli seria libertada em um mês ou talvez até dois meses; em vez disso, aconteceu em apenas algumas horas, um dia, portanto, fizemos um grande progresso", disse ele à Reuters. Governos ocidentais, que apoiaram os grupos de oposição, afirmaram que não podiam ter certeza sobre onde está o líder de 69 anos, mas pediram que ele se entregue depois que seis meses de guerra civil puseram fim ao seu poder absoluto que durou quatro décadas. Após conversar com o presidente dos EUA, Barack Obama, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que o fim do governo de Gaddafi é "inevitável e próximo". A Otan, que não quis confirmar as notícias de que a sua força aérea teria bombardeado o complexo de Gaddafi para ajudar os rebeldes, informou que o paradeiro de Gaddafi não estava claro, mas que isso já não era uma grande preocupação. Em Washington, um porta-voz do Pentágono disse acreditar que Gaddafi ainda estava na Líbia e que suas forças permaneciam uma ameaça. Ele também afirmou que os EUA estão monitorando locais de armas químicas na Líbia, em meio às preocupações de que grupos hostis aos interesses ocidentais possam tentar obter os estoques mantidos por Gaddafi. DÚVIDAS Os líderes ocidentais estão ansiosos para que o confronto termine rápido. As tensões entre os rebeldes são uma preocupação aos que esperam por um pronto restabelecimento da ordem e a retomada das exportações do petróleo líbio. "Esperamos que isso termine logo", disse um engenheiro desempregado que observava os acontecimentos perto do complexo de Gaddafi. "Temo que a violência continue até que Gaddafi e sua família deixem o país", acrescentou ele, dizendo se chamar Omar. Há uma preocupação crescente com relação aos civis na cidade, após dias de cerco e de confrontos, nos quais autoridades sugeriram que centenas de combatentes podem ter morrido ou se ferido. Em uma residência a vários quilômetros do centro, os feridos do confronto eram tratados, em meio Ao barulho dos tiros. "Precisamos de medicamentos e de macas, esta situação é um desastre", disse à Reuters o estudante de medicina Shuaib Rais. CREDIBILIDADE Falando depois que o filho de Gaddafi Saif al-Islam negou a alegação rebelde sobre sua captura ao aparecer para jornalistas no complexo de Bab al-Aziziya na manhã de terça-feira, vários analistas afirmaram que a credibilidade do movimento de oposição sofreu um sério revés. Embora a credibilidade das afirmações de Saif al-Islam de que os apoiadores de seu pai estão vencendo a guerra também seja duvidosa, a confusão entre os rebeldes -- que aparentemente permitiu que dois filhos de Gaddafi escapassem na segunda-feira -- causou constrangimento para os que os apóiam. Noman Benotman, analista sênior do instituto britânico Quilliam e associado do ex-chefe de espionagem de Gaddafi, afirmou: "Gaddafi está apostando que os rebeldes façam uma confusão em Trípoli e provoquem o caos. Ele aposta que eles vão se comportar mal." "Eles querem que zonas rivais de milícias comecem a se desentender. Por isso é essencial que os rebeldes ajam em conjunto." Os moradores locais, muitos dos quais saíram às ruas no domingo para comemorar o fim do governo de 42 anos de Gaddafi, permaneceram em casa, enquanto os exércitos rebeldes que entravam na cidade venciam a resistência de franco-atiradores, tanques e outras armas pesadas. (Reportagem de Missy Ryan, Peter Graff, Ulf Laessing, Zohra Bensemra e Leon Malherbe em Trípoli; Thomas Grove em Moscou; Robert Birsel em Benghazi; William Maclean e Peter Apps em Londres; Hamid Ould Ahmed e Christian Lowe em Argel; Souhail Karam em Rabat; Richard Valdmanis e Giles Elgood em Túnis; Laura MacInnis e Alister Bull em Oak Bluffs, nos EUA; Nour Merza em Dubai; Deepa Babington em Roma; e Alexandria Sage em Paris)