Recuperação dos EUA está sob ameaça de abismo fiscal--Bernanke

PUBLICIDADE

Por MARK FELSENTHAL

O chairman do Federal Reserve, banco central norte-americano, Ben Bernanke, alertou nesta quinta-feira que a recuperação econômica dos Estados Unidos pode estar sob ameaça se parlamentares não forem capazes de evitar que cortes automáticos de gastos e elevações tributárias tenham efeito. Bernanke disse que os novos estímulos do banco central não serão suficientes para proteger a economia de choques fiscais. "Se não lidarmos com o abismo fiscal, como eu disse, não acho que nossas ferramentas serão fortes o suficiente para compensar os efeitos de um grande choque fiscal. Então, temos de pensar sobre o que faríamos nessa situação", disse o chairman do Fed em coletiva de imprensa após o término da reunião de dois dias do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed. "Então eu acho que é realmente importante para os formuladores de políticas fiscais trabalhar juntos para, você sabe, encontrarmos uma solução para isso", completou. O Fed inflamou os mercados financeiros nesta quinta-feira com uma nova rodada aberta de compra de bônus e uma promessa de manter as taxas de juros a níveis próximos de zero por ainda mais tempo do que o esperado anteriormente. O banco central espera que as medidas impulsionem um crescimento mais rápido, no âmbito de uma recuperação instável de uma profunda recessão no período entre 2007 e 2009. Como o Congresso e a Casa Branca não conseguiram alcançar um acordo para reduzir o déficit orçamentário em 1,2 trilhão de dólares em dez anos, colocaram-se rumo a cortes de gastos draconianos em 2013 e adiante, a menos que possam definir uma alternativa. Membros do Congresso estão em uma encruzilhada sobre como evitar o chamado abismo fiscal. As bancadas concordam que reduzir o imenso déficit dos EUA no médio prazo é desejável, mas não sabem como fazê-lo. Bernanke disse que a possibilidade de que formuladores de políticas não atinjam um acordo para amortecer o choque fiscal está entre os fatores que impedem um ritmo mais rápido de crescimento econômico. "Muitas empresas estão esperando para ver se o problema será resolvido e, se for, como?", disse. "Eu acho que é uma preocupação. É algo que está afetando o comportamento agora", acrescentou.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.