A partir da próxima segunda-feira, 12, cientistas e autoridades governamentais estarão reunidos em Valência, Espanha, para preparar o quarto e último relatório da ONU sobre o estado do aquecimento global e o que o fenômeno representará para centenas de milhões de pessoas. Diferentemente dos três volumes anteriores, a quarta parte do relatório terá poucos dados científicos novos. Em vez disso, resumirá todo o trabalho anterior em cerca de 30 páginas, numa linguagem compreensível para políticos e burocratas. O texto de Valência será a principal referência para as negociações de dezembro em Bali, na Indonésia, que definirão os rumos da cooperação internacional para reduzir as emissões de CO2 a partir de 2012, quando expira o Protocolo de Kyoto, que impôs metas de redução de emissões para 36 países. O último dos quatro relatórios do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) "integra todos os elementos, as conexões entre eles", disse um dos autores, Bert Metz, da Agência de Avaliação Ambiental da Holanda. Criado em 1988, o IPCC vem ganhando impulso e influência à medida que suas conclusões ajudam a mudar a opinião pública e de governos sobre a questão. Em uma legitimação final, o IPCC dividiu o prêmio Nobel da Paz desde ano com o ex-vice-presidenre dos EUA, Al Gore, ele próprio um importante garoto-propaganda do combate ao aquecimento global causado por atividade humana. Os relatórios anteriores do painel pintam um quadro sinistro para o futuro da Terra, um planeta no qual a emissão descontrolada de gases causadores do efeito estufa poderão gerar UAM elevação das temperaturas médias em até 6º C até 2100. Mesmo uma elevação de 2º C poderá causar secas que afetarão 2 bilhões de pessoas e levar à extinção de até 30% das espécies vivas do planeta. Os cientistas prepararam uma cesta de opções tecnológicas para manter a elevação das temperaturas no mínimo possível, com investimentos da ordem de 3% do PIB mundial - muito menos do que o custo estimado de consertar o dano de um efeito estufa descontrolado. Ativistas esperam que o relatório final enfatize as medidas concretas que podem ser tomadas, as conseqüências de não se fazer nada e o prazo para a implementação das mudanças. A partir de segunda-feira, delegações de 145 países, reunidas na Espanha, debaterão o resumo. Cada linha do texto tem de ser aprovada por consenso, o que pode levar a debates acalorados em torno de palavras individuais. O texto final deve ser divulgado no sábado.