Relatório indica execuções da PM do Rio no Alemão

Secretário de Segurança desqualifica relatório apresentado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos

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Por Pedro Dantas
1 min de leitura

O relatório dos peritos independentes designados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos indicou duas execuções sumárias e arbitrárias, cinco mortes por tiros à curta distância e apontou que a polícia fluminense destruiu provas que poderiam incriminar os policiais envolvidos na megaoperação no Complexo do Alemão, no dia 27 de junho, que terminou com 19 mortos. "As duas execuções são claras e os cinco casos de tiros à queima-roupa provavelmente seriam confirmados como execuções se houvesse uma investigação aprofundada", disse o ouvidor-geral da secretaria, Pedro Montenegro. O laudo aponta que Emerson Goulart, de 26 anos, e José da Silva Farias Júnior, de 18 anos, foram mortos com dois disparos. Em ambos os casos, o primeiro e fatal tiro foi atrás do crânio. Segundo os peritos, Goulart mesmo morto recebeu mais um tiro no tórax, assim como Farias Júnior foi alvejado no rosto depois de morrer. "Nestes dois casos, ainda, verifica-se a impossibilidade de defesa da vítima uma vez que o disparo letal foi dado de trás para a frente", atestaram os peritos. Bruno Paula Gonçalves da Rocha, de 20 anos, Wanderson Gandra Ferreira, de 20, Rafael Marques Serqueira, de 26, e os menores Pablo Alves da Silva, de 16 anos, e David Souza de Lima, de 14, foram mortos por tiros à curta distância, de acordo com laudos do Instituto Médico Legal (IML) do Rio. Os peritos revelaram que as 19 vítimas foram atingidas por 70 tiros, sendo que a maior parte atingiu regiões letais das vítimas. Dois homens foram mortos por rajadas. ''Pressão'' O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, desqualificou, em nota, o relatório. "É preciso que fique claro que nenhum dos autores do relatório alternativo esteve no Rio para realizar qualquer diligência. Trabalharam única e exclusivamente interpretando o laudo realizado pela Polícia Técnica do Rio", informou. Beltrame afirmou que "o relatório foi encomendado sob pressão daqueles que deturpam a justa causa dos Direitos Humanos (...) pouco pode revelar sobre os fatos".

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