O medicamento de alto custo Clozapina, única opção de tratamento para pacientes com esquizofrenia do tipo refratária e fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, está em falta desde o início do mês para os 66 pacientes atendidos pelo Programa de Esquizofrenia (Proesq) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A falta do remédio fez os médicos diminuírem as doses dos pacientes para que não ficassem completamente sem o remédio.No Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), onde a demanda pelo remédio é de 60 mil comprimidos por mês, a medicação acabou completamente na quarta-feira. Para o psiquiatra da Unifesp Rodrigo Bressan, coordenador do Proesq, apenas um dia sem o medicamento pode fazer com que os pacientes tenham recaídas graves na doença. Ele explica que os que recebem a Clozapina são, em geral, os mais graves, já que ela só é indicada para aqueles que não responderam bem aos outros tratamentos, por isso são chamados de refratários. Bressan diz que a esquizofrenia é um transtorno mental caracterizado por alucinações e delírios que ocupam centralmente a vida da pessoa. "Sem a medicação, está sujeito a surtos psicóticos graves."Segundo o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento, a compra do medicamento não atrasou - foi fechada em dezembro de 2010. O que provocou a falha, segundo Nascimento, foi que o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe), fornecedor da medicação, não conseguiu produzi-lo em quantidade suficiente para todo o País: só o Estado de São Paulo ficou de fora.O diretor-presidente do Lafepe, Luciano Vasquez, confirma a informação. De acordo com ele, uma empresa que fornece matéria prima falhou."Por uma questão de logística, em função da quantidade que São Paulo tinha demandado, resolvemos distribuir o que já tínhamos produzido para todos os outros Estados", afirmou Vasquez.