Republicanos se surpreendem com comentário de Obama sobre cortes

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Por FRED BARBASH
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Os líderes republicanos no Congresso dos EUA expressaram surpresa e dúvida nesta terça-feira em relação ao comentário do presidente norte-americano, Barack Obama, no debate com o oponente republicano Mitt Romney, de que os cortes de gastos automáticos programados para o ano novo "não vão acontecer". Ao mesmo tempo, eles disseram que não estava claro se na noite de segunda-feira o presidente estava refletindo um desejo, ou um possível plano, para evitar os 109 bilhões de dólares em cortes divididos entre gastos de defesa e não relacionados à defesa, os contingenciamentos, que devem começar em 2 de janeiro. "Fomos todos surpreendidos pelo presidente dizendo que o sequestro 'não vai acontecer', uma vez que ele ainda não apresentou um plano para ter certeza que 'não vai acontecer'", comentou um porta-voz do líder republicano no Senado, Mitch McConnell. "Enquanto a Câmara liderada por republicanos já tomou medidas, os democratas no Senado ainda nem aprovaram um orçamento, e o presidente não apresentou nenhum plano para evitar os cortes na defesa", acrescentou. O Congresso dividido é controlado na Câmara pelos Republicanos e no Senado pelos Democratas. David Plouffe, conselheiro sênior da Casa Branca, foi citado sugerindo a jornalistas após o debate de segunda à noite que Obama estava apenas expressando o mesmo desejo de todos os outros. "Ninguém quer que isso aconteça.... Ninguém acha que isso deve acontecer", disse ele. Ainda assim, alguns analistas estavam levando muito a sério o comentário do presidente. Greg Valliere, do Grupo de Pesquisa Potomac, chamou de "a mais significativa declaração no debate de ontem à noite: o presidente disse que um sequestro do Orçamento 'não vai acontecer'". "Esta é a indicação mais clara de que o abismo fiscal pode ser refinado ou atrasado." Os cortes são parte do chamado "abismo fiscal" de aumentos de impostos e redução de gastos programados para o final do ano, que o Escritório de Orçamento do Congresso disse que poderia levar a uma recessão. Kevin Smith, um porta-voz do presidente da Câmara John A. Boehner, disse que "se o contingenciamento não vai acontecer, como ele diz, o presidente vai finalmente oferecer um plano para resolver o problema? No último ano, o presidente se recusou a mostrar qualquer liderança na resolução do sequestro que ele propôs, então nos perdoe se temos dúvidas sobre seu desejo recente de enfrentar o problema". Republicanos e democratas têm opiniões opostas sobre os grandes cortes de gastos, em parte porque eles recaem sobre quase todas as contas de programas militares e não-militares, privando o Congresso da capacidade de pensar nas escolhas. Assessores do Congresso disseram que uma das ideias para ajudar a evitar o "abismo fiscal" seria a de substituir os cortes automáticos com economias mais orientadas de cerca de 55 bilhões de dólares. No final do ano, outras maneiras de cortar o déficit crescente seriam avaliadas. Mas isso não resolveria o problema de como lidar com os 400 bilhões de dólares em uma série de isenções de impostos promulgadas em 2001 e 2003 que estão para expirar em 31 de dezembro. Obama fez o comentário quase que de passagem, como parte de sua resposta às críticas sobre seus planos com gastos de defesa por parte do oponente republicano Mitt Romney e acusações de que o contingenciamento foi ideia de seu governo em primeiro lugar. "Primeiro de tudo, o contingenciamento não é algo que eu propus", disse ele. "É algo que o Congresso propôs. Não vai acontecer." (Reportagem de Fred Barbash)

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