O líder do grupo palestino Hamas Ismail Haniya disse nesta segunda-feira que a reunião sobre a paz no Oriente Médio, marcada para esta terça-feira nos Estados Unidos, não vai trazer nenhum avanço. "O povo acredita que esta conferência não terá resultados e que qualquer recomendação ou compromissos feitos na conferência que prejudiquem nossos direitos não precisarão ser seguidos pelo nosso povo", disse Haniya. "Eles precisarão ser seguidos apenas por quem assiná-los." Nesta segunda-feira, vários líderes do Hamas se reuniram no Parlamento palestino na Cidade de Gaza para assinar um documento que determina que o presidente Mahmoud Abbas não tem o direito de fazer concessões em qualquer acordo de paz. Segundo Haniya, "os legisladores palestinos assinaram um documento que reforça o comprometimento do povo com seus direitos e com os direitos da nação nas terras palestinas". Cerca de 40 países e organizações foram convidados pelo governo americano para o encontro em Annapolis, no Estado de Maryland, mas o Hamas, visto pelos Estados Unidos como um grupo terrorista, ficou de fora. Em junho, o Hamas assumiu o controle sobre a Faixa de Gaza, enquanto a Cisjordânia permanece sob controle do Fatah, um movimento político rival, ao qual pertence Mahmoud Abbas. Outro importante líder do Hamas em Gaza, Mahmoud Zahhar, disse à BBC que, mesmo que o grupo tivesse sido convidado, seria "inútil" participar porque Israel não está preparado para acabar com a ocupação nas terras palestinas. "Estamos orgulhosos de não estarmos envolvidos nesta conferência, que não trará nada para nós", afirmou Zahhar. "Abbas não representa a maioria do povo palestino. Não acreditamos que este é um processo de paz verdadeiro porque, sem atender às nossas demandas básicas, ele será como os acordos anteriores, impossíveis de serem implementados." Autoridades palestinas, no entanto, dizem que, como chefe da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), Abbas tem o direito de negociar em nome dos palestinos e que qualquer acordo de paz é assinado pela OLP e por Israel. Nesta segunda-feira, o presidente americano, George W. Bush, realiza reuniões separadas na Casa Branca com líderes palestinos e israelenses, em preparação para a conferência. A última negociação mais decisiva entre israelenses e palestinos ocorreu há sete anos, mas as questões do encontro desta terça-feira não mudaram: a divisão de Jerusalém, a forma de um futuro Estado palestino e o destino dos refugiados palestinos exilados. Há expectativas de que Abbas e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, assinem uma declaração conjunta na qual definam os moldes do acordo em que ambos estariam trabalhando. Outro resultado da conferência pode ser uma tomada de posição do Quarteto - grupo formado por Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU, formado para negociar os conflitos da região - sobre os possíveis parâmetros de um novo acordo de paz que possa contar com o apoio da comunidade internacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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