RIO - Cientistas da UFRJ pedem pelo menos mais duas semanas de restrição de circulação no Rio por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus. Nota divulgada nesta segunda-feira, 5, pelo Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ afirma que a evolução da pandemia no Estado na última semana causa preocupação e reforça a necessidade de ações contundentes para frear o seu crescimento exponencial, a saturação de leitos hospitalares e o aumento do número de óbitos. O Estado concluiu ontem um período de dez dias de feriados antecipados com restrições de mobilidade.
“Infelizmente, ainda não foi possível observar redução significativa de mobilidade da população no Estado do Rio de Janeiro que, em geral, segue com necessidade material de sobrevivência face à ausência de uma política de proteção social mínima para garantir sua permanência em casa com dignidade e garantias trabalhistas”, diz a nota.
“Adicionalmente, as demonstrações de aglomerações – seja por falta de oferta de serviços públicos de transporte adequados ou pelo desprezo daqueles que têm condições de ficar em casa, negam a ciência e assumem os riscos de se contaminarem e seus familiares – são fatores que influenciam em muito a situação atual e projetam os cenários mais sombrios para o mês de abril, que , infelizmente, têm se concretizado a cada momento.”
A nota lembra que em 1º de março, a fila por um leito de UTI covid-19 no Estado tinha 64 pessoas. O número passou para 701 no dia 31 de março – um aumento de 1000%. Nas últimas semanas, a taxa R de infecção subiu de 1,0 para 1,5, indicando que 100 pessoas infectam outras 150.
Os pesquisadores destacam ainda outros pontos dramáticos, como a ocupação das UTIs para covid-19 em 90%, o desabastecimento de itens críticos como oxigênio e remédios do kit intubação, o esgotamento das equipes médicas depois de um ano de pandemia. Além disso, destacam, há o risco do surgimento de novas variantes do Sars-CoV2.
Além da continuidade das medidas de restrição de mobilidade, os pesquisadores pediram ainda a massificação de campanhas de orientação sobre o uso correto de máscaras, o distanciamento social e a lavagem das mãos. Além disso, destacaram a importância do aumento de disponibilidade de transporte público para que os trabalhadores essenciais não corram ainda mais riscos. Segundo os cientistas, o apoio financeiro aos que não podem trabalhar também é fundamental.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.