O ritmo acelerado das prisões após as ocupações dos complexos do Alemão e da Penha preocupa as autoridades do Rio de Janeiro. O motivo é a superlotação das carceragens da Polícia Civil. Até o dia 2, ao menos 145 pessoas tinham sido presas, entre traficantes foragidos dos conjuntos de favelas da zona norte da capital fluminense e suspeitos que participaram dos ataques contra carros e ônibus. Entre os presos estão sete mulheres. Ainda, 16 adolescentes foram apreendidos. Dos 24 detidos em flagrante incendiando veículos, dez eram menores de idade. A maioria dos adolescentes apreendidos morava nas favelas do Alemão e da Penha.O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) alerta que as carceragens da Polinter (Divisão de Capturas da Polícia do Rio) estão superlotadas e que o Estado não construiu nenhuma casa de custódia desde 2005. "A Polícia Civil abriga em suas carceragens 4 mil presos, alguns deles em locais sem água potável e luz natural. O governo do Estado não constrói casa de custódia, mas, paradoxalmente, o discurso é de ocupar território e capturar criminosos", disse. Segundo Freixo, já integrou o Conselho Comunitário da Pastoral Carcerária e inspirou o personagem que negocia com os presos no filme "Tropa de Elite 2", a carceragem de Neves, em São Gonçalo, na região metropolitana, está com 500 presos, mas sua lotação é para 150 detentos. Ele afirma que um dos motivos para a superlotação é a falta de vagas no sistema carcerário para os presos já condenados, que começam a cumprir pena nas celas da Polícia Civil. "Constitucionalmente a polícia nem tem o papel de abrigar detentos", ressaltou o deputado. A Assembleia Legislativa do Rio aprovou ontem um projeto que autoriza benefícios fiscais aos municípios que construam casas de custódia. Procurado, o coordenador do sistema de controle de presos da Polinter, o delegado Clei Catão, não quis se manifestar.PrisõesHoje, a Polícia Civil prendeu Tiago Augusto dos Santos Igreja, o Tiaguinho do Complexo, que é acusado de lavar o dinheiro do traficante Fabiano Atanázio, o FB, da Vila Cruzeiro, também na zona norte. Ele foi detido na sua cobertura, em um condomínio de classe média, em Vargem Grande, na zona oeste da cidade. Nesta região, ele era proprietário de uma imobiliária e de um apartamento no Recreio dos Bandeirantes. O acusado tinha passagens na polícia por sequestro e receptação de carros roubados. Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas prenderam na Vila Cruzeiro um cabo da Marinha acusado de ser ligado a traficantes do Morro do Cajueiro. O nome dele não foi revelado. André Carvalho da Silva, de 31 anos, que estava foragido da Vila Cruzeiro foi identificado e preso por policias militares quando estava em um táxi na Avenida Brasil. O taxista Fabrício Alves de Almeida, de 21, também foi preso hoje. Ele transportava drogas da Região dos Lagos para o Complexo do Alemão.