O presidente da Câmara Municipal e líder do "centrão", Antonio Carlos Rodrigues (PR), condenado a devolver R$ 32.718.310,81 aos cofres públicos e sob o risco de perder os direitos políticos, conseguiu suspender provisoriamente no Tribunal de Justiça (TJ-SP) a execução da pena. Apesar da manobra jurídica, o presidente ainda teme perder o mandato e já liberou os líderes de bancada para a discussão de um novo nome no comando da Mesa Diretora em 2009. Rodrigues já defende seu fiel escudeiro Aurélio Miguel (PR) como substituto. Até a semana passada, porém, a reeleição de Rodrigues para um terceiro e inédito mandato era apoiada por unanimidade pelos líderes partidários e dada como certa até pelo Executivo. A situação de Rodrigues, acusado em ação civil pública de contratar ilegalmente uma empresa de prestação de serviços quando era diretor em 1992 da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), enfraquece o bloco formado por PMDB, PR, PTB e outras legendas, na opinião de vereadores e integrantes da gestão Gilberto Kassab (DEM). Nas últimas duas gestões, o "centrão" foi decisivo nas votações mais importantes do Legislativo, como na autorização para a implementação do projeto Cidade Limpa, em 2006. Em troca de votar os projetos do Executivo, o centrão barganha com pedidos de cargos na administração, principalmente nas 31 subprefeituras. Rodrigues, por exemplo, aliado do prefeito, exerce influência em cargos de segundo escalão na Subprefeitura do Campo Limpo, região onde fica seu reduto eleitoral. O enfraquecimento do centrão já aguça também as duas principais bancadas, PSDB e PT, na busca de nomes, ainda indefinidos, para a eleição da Mesa Diretora. "A tendência agora é de que as discussões se voltem para as bancadas, e não mais por blocos político (centrão, oposição e situação), da mesma forma que já aconteceu para a composição das eleições municipais", considera Gilberto Natalini (PSDB), principal aliado do governador José Serra (PSDB) no Legislativo municipal. "Por causa das eleições (presidenciais) de 2010, acho que vai ocorrer uma polarização entre PT e PSDB na Casa." FORÇAS NO DEM O centrão, entretanto, garante que continuará no comando da Câmara em 2009. "Caso o Carlinhos não possa mesmo ser o candidato, vamos retomar o processo da estaca zero. De qualquer forma, as relações de força no Legislativo não mudam", afirmou Milton Leite (DEM), segundo secretário da Câmara e segunda maior força dentro do bloco, depois de Rodrigues. "E eu ainda acho que o processo contra o Carlinhos será anulado", completou. Líder do DEM, partido do prefeito, Carlos Apolinário também defende Rodrigues e considera que o futuro presidente será do centrão de qualquer forma. "O Carlinhos não foi acusado de roubar nada, está resolvendo um problema pessoal dele. Não tem nada a ver com a Câmara", argumentou Apolinário. "Temos outros nomes de referência dentro do centrão, como o Aurélio Miguel, o Milton Leite e o Adilson Amadeu."
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