O republicano Mitt Romney planeja intensificar sua agenda de campanha em Estados eleitoralmente estratégicos, deixando para trás uma das semanas mais complicadas da sua candidatura a presidente dos EUA. Nos últimos dias, ele sofreu críticas por comentários que fez sobre a política externa, foi alvo de especulações sobre conflitos internos na sua campanha, e enfrentou a má repercussão de um vídeo, gravado secretamente, no qual desqualifica o eleitorado do seu rival, o democrata Barack Obama. Ele também vinha priorizando eventos de arrecadação em Estados que na prática não estão em disputa - a democrata Califórnia e o republicano Texas. Mas, nas sete semanas que faltam para a eleição, Romney deve intensificar o corpo a corpo com os eleitores. As pesquisas indicam uma ligeira vantagem de Obama, e alguns republicanos se queixam de que seu candidato não estaria aparecendo suficientemente para os eleitores. Assessores disseram que, na nova fase, ele terá até três eventos públicos por dia - o que é normal numa reta final de campanha, mas representará um grande aumento para Romney. Na semana que vem, ele passará três dias percorrendo o Estado do Ohio com seu companheiro de chapa, Paul Ryan. Dificilmente Romney conseguirá chegar à Casa Branca se não vencer em Ohio e na Flórida. Mas não será fácil. Em Ohio, o desemprego é menor do que a média nacional, de 8,1 por cento, o que esvazia um dos principais temas da campanha republicana, que é a crítica à política econômica de Obama. Já na Flórida, com muitos aposentados, ele precisa desfazer a má imagem causada por uma proposta de Ryan para alterar o programa Medicare, um plano de saúde governamental para idosos. Na quinta-feira, em Sarasota, Romney tentará assegurar aos idosos que suas propostas de cortes orçamentários não afetam benefícios dos aposentados. Num anúncio de TV, o senador local Marco Rubio reforçará esse argumento. Tentando desfazer a má impressão do vídeo, Romney disse numa entrevista ao canal de TV Univision - que transmite em espanhol -, que está fazendo campanha para "100 por cento da América". No vídeo divulgado nesta semana, ele diz a doadores ricos, numa reunião a portas fechadas, que 47 por cento dos norte-americanos votam em Obama de qualquer maneira, porque se sentem vitimizados pelo sistema e dependem demais da ajuda governamental. Pesquisa Reuters/Ipsos mostrou que 43 por cento dos entrevistados passaram a ter uma visão mais negativa sobre Romney após saberem do vídeo, e que essa tendência foi ainda mais forte entre eleitores independentes. Romney espera retomar o prumo da sua campanha configurando a eleição como uma escolha entre governo gastador e economia em crescimento.