Ruralistas argentinos decidem manter protesto

Grupo quer a suspensão do aumento dos impostos às exportações por 90 dias.

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Por Marcia Carmo
2 min de leitura

As quatro organizações que representam o setor rural na Argentina decidiram, neste sábado, manter o protesto nas estradas do país pelo menos até a próxima quarta-feira. Até lá, informaram, além de ônibus, ambulâncias e carros de passeio, passarão somente caminhões carregados com leite, mas ficará impedida a passagem de veículos de carga com outros produtos alimentícios. A decisão foi tomada 17 dias depois do início do protesto, que gera desabastecimento no país, e um dia depois da primeira reunião entre ruralistas e autoridades do governo da presidente Cristina Kirchner, na qual não houve acordo. Na reunião, que começou na noite de sexta-feira e terminou na madrugada de sábado, o governo sugeriu um novo encontro para a próxima segunda-feira. O objetivo, como disse o chefe de gabinete da Presidência, Alberto Fernández, é manter o "diálogo". Aumento dos impostos Mas as primeiras propostas oficiais apresentadas na reunião "não agradaram", segundo Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária, e se decidiu, neste sábado, pela manutenção do protesto. "Nós queremos a suspensão do aumento dos impostos às exportações do setor agrário durante noventa dias e, assim, nesse prazo podemos discutir um acordo amplo para o setor rural, como sugere o governo", disse Buzzi. "Mas o governo diz que não discute esse aumento de impostos, então fica difícil qualquer entendimento", completou. O aumento das chamadas "retenciones" agrárias foi adotado no dia 11 passado e significa ajuste de 35% para 44% - variável de acordo com o preço internacional - dos impostos às exportações do setor. Os representantes dos produtores argumentaram, neste sábado, que pretendem manter o diálogo com o governo e comparecer à reunião marcada para segunda-feira. Mas a insatisfação, principalmente dos pequenos e médios produtores, alegaram, acabou levando à decisão pela manutenção do protesto. "Se não temos medidas concretas, não podemos tirar as pessoas da estrada. A maioria na Argenina é de pequenos e médios produtores, mas não sabemos quanto será de aumento de imposto para cada grupo. Queremos definir, no papel, quanto será a carga tributária para o pequeno e médio produtor", disse Ricardo Bury, de uma das organizações agrárias. "Esse não é o piquete da abundância, como diz o governo, mas um problema sério", afirmou. Até o início da noite de sábado, nenhum integrante do governo tinha comentado a decisão do setor rural. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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