Jatos russos atacaram neste sábado alvos militares na cidade de Gori, na Geórgia, que fica perto da região da Ossétia do Sul. A Ossétia do Sul, uma região que tenta se separar da Geórgia, foi invadida por tropas russas na sexta-feira, depois que a Geórgia atacou separatistas apoiados pela Rússia na região. Gori fica perto da capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, e é onde as tropas da Geórgia estão se juntando para defender a região separatista das tropas russas. Algumas testemunhas dizem que dezenas de civis morreram ou foram feridos nos ataques. Dois aviões russos foram abatidos. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse que o país está agora em estado de guerra. O Exército da Geórgia anunciou que vai retirar as duas mil tropas georgianas que estão no Iraque para que elas possam combater no país. Conflitos entre tropas da Geórgia e da Rússia na sexta-feira teriam matado mais de 1,4 mil civis, segundo separatistas. Pânico em Gori O correspondente da BBC em Gori, Richard Galpin, diz que várias explosões são ouvidas pela cidade. Segundo ele, é possível identificar que os alvos russos são três bases militares ocupadas por milhares de soldados da Geórgia. O correspondente da BBC disse que em um dos alvos os militares georgianos parecem ter conseguido fugir antes de as bombas atingirem o local. Um outro ataque atingiu um prédio que, segundo os georgianos, seria um bloco residencial. Galpin disse ter visto civis gravemente feridos sendo retirados dos prédios, que estavam pegando fogo. O correspondente diz que a população de Gori está em pânico e que muitos buscam abrigo contra ataques. Mesmo os militares georgianos estão buscando proteção contra os ataques aéreos dos jatos russos. A Geórgia afirma que outra cidade do país fora da região separatista também teria sido atacada pelos russos. Segundo o ministério de relações exteriores, a cidade portuária de Poti - um importante posto para navios petroleiros no Mar Negro - foi devastada. Russos na capital A Rússia afirmou neste sábado que assumiu controle da capital sul-ossetiana Tskhinvali. O comandante do Exército russo, Vladimir Boldyrev, disse que suas tropas retomaram a capital das forças da Geórgia. No entanto, o secretário do Conselho de Segurança Nacional da Geórgia, Khakha Lomaia, desmentiu a informação e disse que a capital da região separatista continua "sob total controle das nossas tropas". Segundo a imprensa russa, a capital foi palco de confrontos entre os dois lados. No entanto, a violência teria sido menor do que a registrada ao longo da sexta-feira. Há relatos de que a capital da região separatista está completamente devastada e que seus habitantes estão escondidos nos porões de casa, sem eletricidade ou linhas de telefone. A Cruz Vermelha afirma que os hospitais da cidade estão lotados. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse à BBC que seu país não está procurando guerra contra a Geórgia, mas disse que o país precisava responder à "agressão georgiana". O Kremlin mandou mais tropas à região. A Rússia disse que precisa defender seus cidadãos na região separatista da Geórgia - sejam eles militares que trabalham nas tropas de paz na Ossétia do Sul, sejam eles os sul-ossetianos que têm passaporte russo. Lavrov acusou a Geórgia de tomar medidas violentas que violam as leis internacionais. O presidente russo, Dmitry Medvedev, disse que seu país está tentando "forçar a Geórgia a aceitar paz". Geórgia em estado de guerra O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, anunciou que seu país está em estado de guerra contra a Rússia, depois do ataque à cidade de Gori. Saakashvili disse que todas as forças da Geórgia seriam mobilizadas e que recursos vitais serão poupados para o conflito. Ele afirmou que vai pedir ao Parlamento do país que aprove lei marcial, porque seu país "está sob estado de total agressão militar da Marinha, da Aeronáutica e de grandes operações em terra da Rússia". O correspondente da BBC em Moscou James Rodgers disse que as iniciativas diplomáticas para impedir o conflito não deram resultado até agora. Diplomacia Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu chegar a um acordo sobre uma declaração pedindo cessar-fogo. A Grã-Bretanha, os Estados Unidos e a França afirmam que a agressão russa seria o principal fator do conflito, enquanto Moscou culpa a Geórgia. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu que a Rússia retire suas tropas e respeite a integridade territorial da Geórgia. Os Estados Unidos e a União Européia devem mandar uma delegação à região para negociar um cessar-fogo. O órgão de segurança da União Européia alertou que o conflito na região pode se transformar em uma guerra. O governo do Brasil emitiu uma nota na qual manifesta "preocupação" com a escalada de violência na Ossétia do Sul, lamenta a perda de vidas no conflito e pede que as partes busquem o diálogo e um cessar-fogo imediato. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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