A seguir, informações sobre Ricardo Teixeira, que renunciou na segunda-feira aos cargos de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014. - Nasceu a 20 de junho de 1947, em Carlos Chagas (MG). - Em 1989, foi eleito presidente da CBF, apesar de não ter envolvimento anterior com o futebol. Sua única conexão era o fato de, na época, ser genro do então presidente da Fifa, João Havelange. - Zico, um dos principais jogadores brasileiros daquela época, disse que Teixeira "caiu de paraquedas". Ele seria reeleito cinco vezes. Inicialmente, a votação se restringia aos presidentes das 27 federações estaduais; depois, passou a incluir os clubes da primeira divisão, o que segundo críticos continuou sendo restritivo demais. - Seu "reinado" foi marcado por uma longa inimizade com Pelé. Seu mandato terminaria em 2015. - Com Teixeira à frente da CBF, o Brasil ganhou as Copas de 1994 e 2002, e foi vice-campeão em 1998. A seleção teve nove técnicos no período -Sebastião Lazaroni, Paulo Roberto Falcão, Carlos Alberto Parreira (duas vezes), Mario Jorge Lobo Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Luiz Felipe Scolari, Dunga e Mano Menezes. - O Brasil também ganhou cinco vezes a Copa América. O Campeonato Brasileiro, que tinha regras complexas, foi reorganizado para adotar o formato de pontos corridos, ganhando em prestígio e atraindo pela primeira vez jogadores estrangeiros em grande número. - A animosidade de Pelé com o dirigente surgiu no começo da década de 1990, quando Pelé fez críticas a Havelange, que se vingou não convidando o ídolo nacional para o sorteio dos grupos na Copa de 1994, que aconteceu em Las Vegas no final de 1993. - A rusga ressurgiu no sorteio dos grupos para as eliminatórias da Copa de 2014, no ano passado, quando Teixeira não convidou Pelé para o evento. Pelé, no entanto, acabou sendo nomeado pela presidente Dilma Rousseff como "embaixador internacional" do Brasil para a Copa a ser disputada no país. - Em 1996, o Brasil rompeu seu contrato com a fornecedora de material esportivo Umbro e assinou um contrato multimilionário com a Nike, abrindo uma nova era para a comercialização do futebol. Amistosos da seleção passaram a ser apelidados de "Turnê Mundial da Nike". - O acordo foi amplamente criticado, pois muitos brasileiros sentiram que a fábrica passou a ter influência demais sobre as atividades da seleção. - Em 2000, o Congresso lançou duas CPIs sobre suspeitas de corrupção e má administração no futebol brasileiro, tendo a CBF entre seus alvos. - A investigação no Senado terminou com um relatório que acusava 16 cartolas -incluindo Teixeira- de evasão tributária, fraudes cambiais e desvio de verbas pertencentes a clubes e federações. - O Brasil foi candidato a realizar a Copa de 2006, mas o projeto não ganhou força internamente, e Pelé se recusou a apoiá-lo. O Brasil desistiu da disputa três dias antes da eleição na Fifa, em julho de 2000, e Teixeira anunciou apoio à candidatura sul-africana. - "A África do Sul irá ganhar, provavelmente no primeiro turno", vaticinou Teixeira. A Copa de 2006 acabaria sendo entregue à Alemanha. - Seguindo um efêmero sistema de rodízios entre continentes, a Fifa decidiu que a Copa de 2014 seria na América do Sul. Numa reunião em 2003, as dez confederações da região decidiram apoiar a candidatura brasileira. - Teixeira disse que o acordo permitiria que o Brasil tivesse tempo adicional para se preparar para o torneio. A Fifa oficializou a escolha quatro anos depois. Os preparativos não decolaram como deveriam, e agora há sérios atrasos. - Em 2010, o programa Panorama, da rede britânica BBC, acusou Teixeira de receber na década de 1990 subornos num total de quase 6 milhões de libras (9,37 milhões de dólares) da falida empresa ISL, que administrava direitos de transmissão televisiva da Fifa. Teixeira reagiu dizendo que os ingleses fizeram as acusações por ressentimento, já que teriam sido preteridos na realização da Copa. (Por Brian Homewood)
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